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Homem de Quarto
Nada é como dantes
Vejo comas andantes
Indo a restaurantes
Comem quentes sandes
Sem terem que pagar.
Quando, ainda ontem
Vagabundos sem outrem
Sem saberem que alguém
Não conta que eles contem
Nem saibam pensar.
Do escuro vem alguém
Bolsos rotos, sem vintém
Nunca teve ninguém
Há mulheres sempre, porém
Por quem se pode pagar.
Tanta, tanta, tanta gente porreira
E eu aqui, janado na banheira.
Lagartas bem grandes
Baratas e lavagantes
Andam, contentes,
Esmagando, gigantes,
Qualquer um diferente.
E um cigano triste
Ele quer lá saber se existe
Tudo para ele está fixe
Desde que tenha bastante haxixe
Fica com pouco contente.
Escorrega, escura, a rua
Cansada, sobe e sua
Bela, a mulher nua
Sem ser de ninguém sua
Respira livremente.
Tanta, tanta, tanta gente porreira
E eu aqui, janado na banheira.
O Sol brinca com os teus cabelos
Os teus olhos são tão belos
Os teus lábios, apetece comê-los
Como se fossem bifes com cogumelos.
Tanta, tanta, tanta gente porreira
E eu aqui, janado na banheira.
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Ministério da Poesia :
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