Morta

Esfaquearam meu peito!
Esqueceram de tirar a lança
Que ficou cravada em meu coração.

Estou morta,
Mas ainda assim sinto
O ar em meus pulmões.

Meu sangue circula,
Mas a energia é nula.
Sinto pontadas no corpo que gostaria,
De não pertencer mais.

O calor aquece as últimas células
Que insistem em não desaparecer,
Elas continuam se multiplicando
Enquanto tenho lapsos de dor.

Gostaria de não saber disso tudo
De estar me vendo com olhos de criança
Pra quem sabe o sofrimento que me envolve
Pudesse sumir como numa brincadeira.

Seguro minhas últimas lágrimas
E as escondo no fundo de minha alma.
Ao lado, desabo minhas mãos
Desacomodo minha eterna máscara grega
E a posiciono sobre minha face
Abafando a tristeza que compõe
Um infinito, agora em meu espírito.

Kath França