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O POETA APARENTE
TÍTULO: O POETA APARENTE
AUTOR: BRENO GUEDES CASTILHO DA SILVA
O poeta administrativo estufa o peito
E diz dominar o mundo e suas coisas.
Vestido de terno ronda os salões das festas
Sem dispensar a caneta e os papéis da face,
E um gole de conversa (a)fiada na varanda
Que disputa com os amigos,
Longe da realidade.
O poeta administrativo anda perfumado
Distribuindo sorrisos, sentado na cadeira,
Com a mesa torta de intelectual tarado.
O poeta administrativo tem vergonha de sair a pé
E vir mendigo, e fica sem rumo,
E perder o apoio ao pisar no asfalto.
O poeta administrativo usa gravata
E discute leis nos bares da zona sul,
Enquanto foge de usar alguma teoria diante do sinal,
Enquanto o ego não cair da catedral.
O poeta administrativo pensa em palácios
E escreve sobre borboletas, o mel e as flores,
Comendo o caviar em casa de burguês,
Longe do povo e do cheiro de lodo
E dos buracos e do esgoto e da vida e seus problemas,
Encontra-se alienado e sem tempo, bebendo whisky.
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