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Sombras escatológicas - Epílogo das almas

Asas de inverno sopram as luzes no campanário;
Sinos de ventos frios, cantando a paisagem rala;
Pousam sobre o telhado agouros de tintas pálidas;
Símbolos antes guardados, detendo uma voz sagrada.

Disparam-se loucuras íntimas vulgares no educandário;
Levaram a cruz da cripta do homem em óleo untado;
Monges engolindo cinzas, silícios na carne viva;
Liras e prantos uivando "perdoe-nos o pecado!"

Ruas se tornam lisas aos pés de desesperados;
Fendas de eterna brisa se abrem no chão queimado;
Dores de parto e gritos nascem nos homens calados.

Igrejas são demolidas diante do sol escarlate
E o Amor que as esculpia como abrigos da sua verdade
Reestruturaria as vigas em meio a vultos alados...
A Nova Jeruzalém não estará mais entre os seus culpados.

Devotos carregam biblias, escombros trazem o passado;
Mentiras recolhem vítimas, primeiro as que estão marcadas;
Mendigos dançam com loucos aos címbalos de Davi,o bravo;
Músicos e poetas ouvem à luz num só emitir de raio.

Correm entre as sombras trêmulas todas as mulheres vis;
Perseguem e ateiam-lhes fogo amantes e feras de rabos;
Flechas sobre as suas cabeças, miras de um centauro;
Demônios fazendo festas carregam-nas para o mercado...
Nuas, andam em bigas cheias, servind0-as a depalperados.

A besta fétida e fria caminha no povoado.
Morrem em estreitas vias pelos espinhos do coroado
Os que na gula viveram ansiosos por mesas fartas.
Cortam-lhes os espinhos, na carne viva e se veem marcados;
Furam-lhes a barriga ao toque de tantas farpas,
Gritam as entranhas expostas como se fossem as de um gado.

Mãos algemadas frias tilintam entre o ouro e a prata.
Detinham-nas pelo peso e o estreito junto a única porta.
Pulsava-lhes todo dinheiro que nada valia agora
O medo de perder os Euros deixava-os com o corpo às feras.

Descontrolados em sua ira, outros seguiam aos brados,
Tentando enfrentar as intrigas com os seres, anjos alados.
Ignoravam a força que os mantinha ali sobjulgados.
Inchados de orgulho exigiam qual tolos sempre um melhor trato.

Profunda melancolia mantinha outros trancados.
Em suores noturnos ou ao dia, estavam junto ao seu quarto.
Não viam senão pelas frestasa o que esperava ao lado.
Á porta, um vigia em risos, uma alma a cumprir mandados,
Trazia metais e, fria, uma cela para desentranhar os fracos.

Lesmas, mortos para a vontade alheia, pés desanimados
Sentiam doer-lhes os juntas, coibindo-lhes todos os passos.
Pregos nasciam no chão como grandes obstáculos
Tudo para morrerem antes de chegarem ao palácio.

Musas desfilavam nuas ou em simples roupas de trapos,
A mostrar que eram por dentro vermes;isso eles eram de fato.
Fugiam das peles dos animais que usavam,
alimentos de seu ego em vida;
Agora corroem-lhe a pele,
Cobrindo-lhes de feridas.

Tigres, raposas, chinchilas
Reivindicavam suas peles reunidas.
Caça aos caçadores!
Retirem-nos logo a vida!

Os que superassem a tudo,
O flagelo, a lei, os pecados
Veriam todo mal ir ao lago
Para o acerto de contas marcado.

E, quando fermentasse o lago,
Em fogo tudo seria queimado.
O que restasse estaria
Com o desejo de não ter acordado.

Prantos e ranger de dentes
Na terra onde Belzebu já foi rei.

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segunda-feira, maio 10, 2010 - 20:46

Ministério da Poesia :

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brunoteenager

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