MOLDAR

Esbate-se o mar perto de ti,
Arranha-se em feridas profundas,
Tangentes estridentes na névoa
Aonde te escondes, aonde me vês gritando!

Sabes, eu aspiro-te a cada lágrima,
A cada salpico no meu corpo
Cada arrebentar de onda
Cada seixo que correndo mar adentro
Se esconde de ti em mim!

Sabes….
Claro que sabes!
Eu sei que sabes!
Só tu podes saber que te vejo em cada rocha.
Que te vejo em cada puto e seus castelos,
Em cada bola que esmaga a face
Que te vejo para além do horizonte….
Que te vejo sempre. Sempre te vi!

Mesmo que o sol desça esmaecido
Mergulhando melancolicamente nas águas!
Tu que sabes?
Eu sempre te vi.

Porque meu ver é para além dos olhos,
Das bocas que se beijam
E de deuses que se esgrimem!

Meu ver é alma pusilânime flutuando
Aonde se cruzam os odores
Aonde os brilhos fogem de medo,
Aonde o céu se cobre de vergonha
Aonde tudo é nada e nada és tu
Aonde tudo cora
Aonde tudo rasteja,
Perante meu ver!

Eu sei que me vês há tanto tempo
E vendo-te eu na mesma
Porque ainda não te moldei?
 

Submited by

Saturday, August 20, 2011 - 00:12

Poesia :

No votes yet

Lakatos11

Lakatos11's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 13 years 35 weeks ago
Joined: 05/24/2011
Posts:
Points: 274

Add comment

Login to post comments

other contents of Lakatos11

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Dedicated ARI'S SONG (Nico) 0 438 05/25/2011 - 22:34 Portuguese
Poesia/Dedicated SÉRVIA - TERRA DE ESPANTOS (Boris Kovac and New Ritual Group) 0 540 05/25/2011 - 22:23 Portuguese
Poesia/Dedicated CONCERTO FOR VIOLONCELLO AND ORCHESTRA "PRO ET CONTRA". ALLEGRO (Arvo Pärt) 0 687 05/25/2011 - 00:29 Portuguese
Poesia/Dedicated EVENING STAR (Fripp & Eno) 0 588 05/25/2011 - 00:19 Portuguese
Poesia/Dedicated JOSÉPHINE (die Bunker) 0 475 05/25/2011 - 00:07 Portuguese