O Poeta Rico

Amas tanto.
Há dias em que penso que amas mais do que eu.
Quem te vê na rua, ó amante do Amor,
vê da mais pura ostentação.
E a doçura que escreves com a dispendiosa esferográfica (o teu prestígio!)?
E a amargura do Deus do Sol, que só abrilhanta os outros?
Um dia, distraído (desgarrado do teu menino), tens vergonha do ventre.
Porque é pobre, simples.
Porque quando sorri, não estica os lábios. Nem os pinta por fora dos beiços.
Sentes esse opróbrio compulsivo.
É isso que resta de ti?
Vá, pede desculpa, menino.
Diz que me amas.
Que amas mais do que eu. Que me amas mais do que eu.
Já não passas duma pesquisa mecânica de carinho.
Já não passas duma folha de papel.

Assinado: Poesia.