A falta da compreensão
Eu não entendo,
O jornal não fala?
O governo disfarça...
Enquanto a farra não para!
Vivemos dias de incompreensão, de idéias, de palavras e de motivos. A principio poderia dizer que a população sofre de uma crise aguda, no que se diz respeito a caráter e honestidade e que automaticamente esta amplamente estampada na grande maioria de nossos políticos.
O descaso com a saúde, com a segurança e com a educação não surgiu nos últimos dias, nos últimos anos, apesar de sermos uma democracia que engatinha em comparação com tantas outras milenares pelo mundo, que também possuem problemas parecidos.
A falta de respeito e a nossa mania de acreditar, que com o dinheiro se compra tudo, possuem raízes mais antigas que estes novos dias que se apresentam conturbados. O brasileiro começou a se importar, mas o quanto da população realmente se importa? A classe rica que começou a perder dinheiro ou a classe pobre que quer um pouco mais para parecer maneiro? Existe algum motivo que não seja o interesse próprio?
Parece que estamos aos poucos saindo de uma zona de conforto, mas não porque desejamos e sim porque a indiferença está batendo a nossa porta, cobrando providencias, a miséria esta estragando a vista da janela de nossas salas e isto incomoda.
O plano de saúde não é mais garantia de bom atendimento, as mensalidades altas de escolas privadas não garantem futuro promissor para seus alunos e hoje temos que pagar para ir e vir em nossas estradas.
Estamos levantando de nossas camas e saindo as ruas porque mexeram em nossos bolsos e não em nossas mentes. E como bons brasileiros, será que queremos mais do que podemos?
Somos escravos da falta de opções (eleitoral, cultural, emocional), da falta de leitura, da falta de compreensão do que nos falam, do que nos empurram e do que nos ditam. Falamos em mudanças mas somos os primeiros a atacar, atacamos a religião, agredimos a cor, ficamos enojados com opção sexual. Apenas olhamos para os lados e disfarçamos.
Vivemos um momento que em frente a outras pessoas falamos o que todos desejam ouvir, mas no nosso intimo dilaceramos palavras desrespeitosas, impiedosas sobre tudo e todos. Não somos capazes de analisar um contexto, apenas pegamos uma fração, pequena parte do que nos agrada e fazemos disto uma bandeira, mesmo que rasgada.
Bons governos criam pensadores, maus governos criam eleitores, a formula aplicada é simples:
Descaso + Corrupção + Falta de solução + Manipulação= País escravo.
Acredito que a mudança não acontecera em poucos anos, levara décadas e séculos, possivelmente muitos não estarão vivos para ver tais maravilhas acontecerem.
Maus políticos para nossa sorte também envelhecem e morrem, os novos devem ter consciência disto também. O homem não teme a prisão no Brasil, principalmente quem tem dinheiro.
Mas teme ao morrer em ir para o inferno, pois apesar da alienação que religião provoca muitas vezes, ela tem um papel fundamental na ordem social. Acreditar em céu ou inferno muitas vezes é o único fator que faz um ser humano mudar, não porque quer, mas porque teme o desconhecido. Ironicamente a religião de alguma forma, pode sim salvar.
Salvar-nos de uma esquerda aterrorizadora e de uma direita macabra, nos salvar da lábia, que insistimos em acreditar. Acreditamos na foto bonita, no discurso bem elaborado, acreditamos que não cometeram erros no passado. São ditas mentiras e mais mentiras para esconder a verdade, que todos temem e que todos esquecem.
O nosso pequeno ciclo vicioso de pequenos favores e prazeres:
Tempo para esquecer + boa propaganda + dinheiro + favores = Eleição
Você caminha por pedaços de calçadas esburacadas, reza para quando chover não alagar a sua casa e se tiver sorte, não ser atropelado por algum individuo com pressa em te passar para trás. Somos apenas um reflexo de uma possível civilização, somos uma sombra de algo chamado humanidade.
Aprendemos a fazer promessas, mas não sabemos como cumpri-las, assim é na vida pessoal, assim é na vida publica, com nossos amadores políticos.
Poucos ainda se perguntam, se as manchetes de grande parte dos jornais maquiam a realidade, se a televisão fantasia a vida e a internet esconde teorias, no que podemos acreditar, como podemos compreender o que cerca esses olhares perdidos.
Somos um pequeno grão de areia, em um oceano de dizeres, que inundam nossa mente sedenta de conforto. Temos em parte o desejo pela verdade, mas falta a vontade de vê-la... Pois perceber que somos parte de um todo, de uma equação que não esta balanceada, é ver que somos parte de um problema.
E como bons seres, preferimos ver a pele trincada de nosso vizinho, ao cuidar de nossas rugas disfarçadas com alguns sorrisos. Nosso estado latente de inércia, não nos permite aplicar moralismo algum, pois conta à lenda que como bons brasileiros, temos o dever de tirar proveito de qualquer falha na história.
Acomodação + Julgar + Promessas + Falso moralismo = Espelho.
Pablo Danielli
Submited by
Críticas :
- Login to post comments
- 1617 reads
other contents of Pablo Gabriel
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | Culpados | 1 | 1.990 | 05/08/2011 - 20:11 | Portuguese | |
Poesia/General | Pedaços Sagrados | 1 | 1.748 | 05/05/2011 - 20:02 | Portuguese | |
Poesia/General | Pés queimados | 1 | 3.195 | 05/05/2011 - 19:49 | Portuguese | |
Poesia/General | Ao Certo | 1 | 2.117 | 05/05/2011 - 19:46 | Portuguese | |
Poesia/General | Ar | 1 | 2.803 | 05/05/2011 - 19:42 | Portuguese | |
Poesia/General | Fim do Dia | 1 | 1.675 | 05/05/2011 - 19:39 | Portuguese | |
Poesia/General | Mudanças | 1 | 2.789 | 05/05/2011 - 19:37 | Portuguese | |
Poesia/Love | Vermelho | 1 | 1.693 | 05/05/2011 - 19:33 | Portuguese | |
Poesia/General | Do Sonhador | 1 | 2.448 | 05/05/2011 - 16:59 | Portuguese | |
Poesia/General | Sem Lugar | 1 | 2.260 | 05/05/2011 - 16:56 | Portuguese | |
Poesia/General | Circo ou vida real | 1 | 2.335 | 05/05/2011 - 16:47 | Portuguese | |
Poesia/General | Impostos | 1 | 2.901 | 05/05/2011 - 16:44 | Portuguese | |
Poesia/General | Quem é você | 1 | 2.334 | 05/05/2011 - 16:40 | Portuguese | |
Poesia/General | O preço das coisas | 1 | 2.802 | 05/05/2011 - 16:37 | Portuguese | |
Poesia/General | O tempo, as horas | 1 | 2.312 | 05/05/2011 - 16:32 | Portuguese | |
Poesia/General | Sem rumo, sem sorte | 1 | 1.440 | 05/05/2011 - 16:08 | Portuguese | |
Poesia/General | Mulheres da vida | 1 | 2.724 | 05/05/2011 - 16:04 | Portuguese | |
Poesia/General | Vitima da vida | 1 | 1.838 | 05/05/2011 - 15:56 | Portuguese | |
Poesia/General | Velhas portas | 1 | 1.776 | 05/05/2011 - 15:53 | Portuguese | |
Poesia/General | O pescado e o mar | 1 | 2.289 | 05/05/2011 - 15:42 | Portuguese | |
Poesia/General | tempo que passa | 1 | 4.040 | 05/05/2011 - 15:39 | Portuguese | |
Poesia/General | Passos vazios | 1 | 1.750 | 05/05/2011 - 15:36 | Portuguese | |
Poesia/General | Tudo que se tem | 1 | 3.069 | 05/05/2011 - 15:32 | Portuguese |
Add comment