Tão natural como vim ao mundo

Um dia vou querer estar desse lado, pra puder ler,
Porque os que lêem têm olhos no ser e os que escrevem,
Apenas fingem ter, quero numa fase, deixar o sofrer
Que nem dor me deixa ter porque a receio, ela vem

Na menos valia dos meus tendões em peleio, sem guerra,
Quero encontrar clareiras desta maneira, longa de velha
Mandar pra outro mundo a tela que tem o princípio do eu,
Para que crie vazios na consciência, com’essa multidão alheia

E tola, todavia minha igual. Sou do tamanho da decepção divina
E um dia vou pegar dessa maneira pouco original
A vida e quando estiver de boa disposição vou apagar
Mormente o que mais temo nos outros, o próprio eu

Inútil, Vale esta negação que credito e a que me agarro
Sem conceber o modo, e como, preciso extraí-la
Do fundo de mim a ferro, mesmo sem o acordo do espirito,
Pois sendo, não é o poeta que o diz, sou eu apenas

Em mim dentro. Metendo o nariz onde me diz
Respeito e não, a vós-outros. Espanto-me com a noção
De consciência, quero-vos contar o que nunca contei,
Talvez por distracção ou esquecimento ou insegurança,

Não os distingo, contradigo-me e contrario-me consciente,
Tendo da realidade uma espécie de sonho meio,
Pois sei que um dia vou querer estar desse lado,
Pra me puder entender natural, como vim ao mundo.

Jorge Santos (10/2014)

Submited by

Saturday, March 3, 2018 - 21:48

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 7 weeks 4 days ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Comments

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

Tendo da realidade uma

Tendo da realidade uma espécie de sonho meio,

Joel's picture

Tendo da realidade uma

Tendo da realidade uma espécie de sonho meio,

Joel's picture

Tendo da realidade uma

Tendo da realidade uma espécie de sonho meio,

Joel's picture

Tendo da realidade uma

Tendo da realidade uma espécie de sonho meio,

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/General cacos de sonhos 0 1.581 01/07/2011 - 17:44 Portuguese
Poesia/General O Triunfo do Tempo 0 1.650 01/07/2011 - 17:36 Portuguese
Poesia/General Nau d'fogo 4 3.260 01/07/2011 - 10:06 Portuguese
Poesia/General Carta a uma poeta 4 1.290 01/06/2011 - 15:00 Portuguese
Poesia/Gothic Dò,Ré,Mi... 1 1.271 12/30/2010 - 14:16 Portuguese
Poesia/General Príncipe Plebeu 1 1.718 12/29/2010 - 22:29 Portuguese
Poesia/General Tenho saudades de quando ignorava que havia mundo… 1 1.940 12/29/2010 - 22:26 Portuguese
Poesia/General buracos de alfinetes 2 2.964 12/22/2010 - 22:53 Portuguese
Prosas/Others o transhumante 0 1.896 12/21/2010 - 23:11 Portuguese
Prosas/Others N2 0 3.737 12/21/2010 - 23:08 Portuguese
Prosas/Contos Batel 0 2.629 12/21/2010 - 22:53 Portuguese
Prosas/Contos Horus 0 1.934 12/21/2010 - 22:52 Portuguese
Prosas/Fábula Núria's Ring 0 2.663 12/21/2010 - 22:50 Portuguese
Poesia/General Há-de vento 0 3.078 12/21/2010 - 11:21 Portuguese
Poesia/General Altos 0 4.149 12/21/2010 - 11:12 Portuguese
Poesia/General Flores Indizíveis 1 1.403 12/18/2010 - 22:47 Portuguese
Poesia/General Samarkand 1 2.700 12/17/2010 - 19:32 Portuguese
Poesia/General Bebe da minha Alma 2 1.920 12/17/2010 - 01:11 Portuguese
Poesia/General solidão 0 1.894 12/17/2010 - 00:18 Portuguese
Poesia/General Ela ia e Ele vinha 0 3.202 12/17/2010 - 00:17 Portuguese
Poesia/General O templo 0 1.867 12/17/2010 - 00:15 Portuguese
Poesia/General Tear 0 2.282 12/16/2010 - 23:00 Portuguese
Poesia/General sei o Motivo 0 2.595 12/16/2010 - 22:59 Portuguese
Poesia/General Elegia ao Silêncio 0 3.486 12/16/2010 - 22:58 Portuguese
Poesia/General A margem de Ti 0 1.931 12/16/2010 - 22:57 Portuguese