de olhos vendados

vendo os olhos
fecho as pálpebras
deito-me a adivinhar sentidos
dos caminhos percorridos
dos trilhos calcorreados
por anos já decorridos.
cem vezes foram pisados
sem tempos foram perdidos
cem casos desperdiçados
sem prantos foram sofridos

contorno esquinas de dor
conto pedras da calçada
que pavimentam a alma
à noite, pela calada.
sei-as bem, sei-lhes a cor
cada linha, sua textura
seu escolho, cada fractura
que tacteio com brandura
evitando com candura
padecimentos de amor

procuro voz que me acalme
que me sossegue e me mime
que me leve desta estrada
onde sem querer me perdi.
onde as casas sem janelas
destas íngremes ruelas
querem-me vendar com elas
para não te ver a ti

nuno guimarães
(www.minha-gaveta.blogspot.com)

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Friday, January 22, 2010 - 00:09

Poesia :

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NunoG

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Comments

Librisscriptaest's picture

Re: de olhos vendados

Com a beleza e qualidade q sempre caracteriza a sua poesia!
Achei piada à brincadeira de paavras entre o "cem" e o "sem"!
Beijinho em si
Inês

Nize's picture

Re: de olhos vendados

que tacteio com brandura
evitando com candura
padecimentos de amor

lindo versos...
gostei muito.

abrçs.

MarneDulinski's picture

Re: de olhos vendados

LINDO POEMA, GOSTEI!

onde sem querer me perdi.
onde as casas sem janelas
destas íngremes ruelas
querem-me vendar com elas
para não te ver a ti

Meus parabéns,
Marne

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