Meu veneno
Enquanto destilo meu cheiro de mulher
Me chamas por menina linda
E debocha de meu perfil feminil,
Quando consigo te sentir,
Não são nos meus braços,
São sempre nos de outras nunca nos meus,
Enquanto sangro em rum de amor por ti,
Tu ris de mim num sorriso arcado ao silêncio,
Um sorriso encobre o ato questionado
Um olhar trinca a taça e leva por lavar
O caminho por onde trilhei até a duvida,
Não me tornarei dependente de tuas palavras
As troco por pílulas e vodka ou qualquer outra droga
Menos suas palavras entorpecentes
E teus olhares penetrantes aos pulmões,
Mas elas não mais penetraram minha imaginação,
Meu ego me implora uma revolta exposta
Em meu olhar transpassando aos meus lábios
Não ficarei calada pois também és desbocado,
Não me contentarei com migalhas jogadas
Que não será capaz de regar esta semente
Tão amena que acabas de pisar teus pés de orgulho
E esmigalhá-la por mero acaso,
De um cínico investido em doces dizeres e argumentos
De um coração vizinho menos o teu próprio,
Cansei de esconder minha face
Ocultar queres mesmo minha presença?
Então se embebede de minha ausência,
Pois da distancia já estas intimo
E por hora só te basta um olhar de espanto, sim ...
A menina sem nome, sem titulo, sem vinculo qualquer afetivo,
Esconde-me, sim, mas apenas no teu ser machucado
Por teu próprio orgulho debochado,
Mas não mais aos meros amigos e vizinhos,
Não mais me escondas pois se olhar ao lado notara
Que não estou mais lá, parti, não gostas tanto do ser solitário,
Me inspirei na minha ameaça, tirei o pólen de minha rival,
Mas meu veneno não tem igual
Se lambuze nele, escorregue e caia sobre ele,
Prove do teu doce veneno ausência,
Sinta a ânsia da saudade, a náusea da vontade,
Deguste do teu próprio repudio, da tua própria cautela,
Não tens mais titulo na tabua sagrada de minhas entranhas
Fui muito incrédula ao escrever teu nome sobre ela,
Mas já o risquei, já furei esta gafe tão grave
Você agora sem titulo é apenas o menino
Que quebrou meu cristaleiro de letras
Talhando no chão o caminho onde ias trilhar,
Lamento o dia que te encontrei,
Lamento o instante que te aceitei,
Lamento o momento em que em ti acreditei,
Pois agora não me resta mais nada a fazer
Senão continuar a caminhada e se restituir
De tudo que veio a destruir com apenas uma pose,
Um sorriso largo largado curvado com sua marca deixada:
- Ausência!!!!!!!!
Enquanto eu impregno sua vida com meu aroma,
Soluças por cada vez que me negou,
Deságüe por cada vez que me repudiou...
Sinto muito, mas tarde demais ...já destilei meu veneno
Junto do sereno que te embala em novos poemas.
2010.
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Comments
Re: Meu veneno
revolta exposta em bela poesia!!!
:-)
Re: Meu veneno
Um veneno que mata e faz morrer...
Escreveu e descreveu bem o momento da ausência. Parabéns!
Abraços!
Re: Meu veneno
Laivos de raiva contida e mesmo assim, um texto imenso em sentimento ambíguo.
Gostei bastante!
Re: Meu veneno
Um apelar causado pelo descaso de outrem, já que tua alma pede pela liberdade em meio ao que não suportas mais. Tal qual beijos arrancados do prazer por falta de amor, olhar desviado por medo da visão do erro, da loucura, peito vazio no vácuo da ausência...
Alcantra