O Retrato - Capítulo V - continuação II
" Tu nem vais acreditar no que me anda a acontecer! Vais achar que estou a ficar doido ou qualquer coisa parecida. Eu próprio chego a por essa possibilidade em causa. Talvez os meus neurónios andem um bocado baralhados :p
Nestas últimas noites, tenho tido os sonhos mais esquisitos que possas imaginar. Acordo sempre exausto e todo lavado em suor.
No primeiro sonho, recordo-me de me encontrar junto à “Taça da UTAD” (o chafariz em frente do tribunal). Era de noite e estava lá um rapaz à espera de alguém. Era óbvio que ele estava completamente aterrorizado. Repentinamente, surge um vulto sinistro que o atrai misteriosamente para si. E assim, acordei sobressaltado.
O mesmo sonho tem-se vindo a repetir noite após noite, apenas com uma pequena mudança.
Cada vez me sinto como mais integrado no que está a acontecer.
É como se estivesse eu mesmo a ser sugado para lá! Como se eu mesmo me estivesse a tornar naquele rapaz. A cada noite, sinto mais o seu medo como sendo meu. A cada sonho, mais aquele misterioso olhar me seduz.
Agora diz, lá, se não achas que começo a precisar de me preocupar a sério com a minha saúde mental."
(in O Retrato - Autora: Luzia Gomes - Corpos Editora)
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Re: O Retrato - Capítulo V - continuação II
O Senhor Freud explicava muita coisa ou a psicanálise ou a psicologia explicam os sonhos como representações simbólicas de situações que vivenciamos no quotidiano. E embora não haja coerência somos nós que temos que ordenar o fio. A propósito do teu sonho ou desta história a minha irmã quando era mais nova contava que ficava presa no sonho, como se houvesse uma força que a puxasse . Seja como for, haja a explicação que houver esta escrita leva-nos de um modo fluente a sentirmos que somos todos uma pequena parte de um grande oceano que outros levam na forma de romance, crónica, diário, seja o que for enriquece nos a imaginação. Gostei de te ler