Poesias Inéditas - Glosas

Glosas

Toda a obra é vã, e vã a obra toda.
O vento vão, que as folhas vãs enroda,
Figura nosso esforço e nosso estado.
O dado e o feito, ambos os dá o Fado.

Sereno, acima de ti mesmo, fita
A possibilidade erma e infinita
De onde o real emerge inutilmente,
E cala, e só para pensares sente.

Nem o bem nem o mal define o mundo.
Alheio ao bem e ao mal, do céu profundo
Suposto, o Fado que chamamos Deus
Rege nem bem nem mal a terra e os céus.

Rimos, choramos através da vida.
Uma coisa é uma cara contraída
E a outra uma água com um leve sal,
E o Fado fada alheio ao bem e ao mal.

Doze signos do céu o Sol percorre,
E, renovando o curso, nasce e morre
Nos horizontes do que contemplamos.
Tudo em nós é o ponto de onde estamos.

Ficções da nossa mesma consciência,
Jazemos o instinto e a ciência.
E o sol parado nunca percorreu
Os doze signos que não há no céu

Fonte: http://www.secrel.com.br/jpoesia/fpesso.html

Submited by

Friday, September 25, 2009 - 17:05

Poesia Consagrada :

No votes yet

FernandoPessoa

FernandoPessoa's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 13 years 46 weeks ago
Joined: 12/29/2008
Posts:
Points: 745

Add comment

Login to post comments

other contents of FernandoPessoa

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Esta espécie de loucura 0 998 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Feliz dia para quem é 0 779 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Flor que não dura 0 621 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Foi um momento 0 709 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Fosse eu apenas, não sei onde ou como 0 770 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Fresta 0 513 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Fúria nas trevas o vento 0 1.777 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - É brando o dia, brando o vento 0 1.123 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Ela canta, pobre ceifeira 0 1.093 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Ela ia, tranqüila pastorinha 0 742 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Elas são vaporosas 0 445 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Em Busca da Beleza 0 525 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Em horas inda louras, lindas 0 952 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Emissário de um rei desconhecido 0 674 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Além-Deus 0 889 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Entre o bater rasgado dos pendões 0 986 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Entre o luar e a folhagem 0 744 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Entre o sono e sonho, 0 432 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Eros e Psique 0 603 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Dá a surpresa de ser 0 1.511 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Da minha idéia do mundo 0 826 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - De onde é quase o horizonte 0 740 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - De quem é o olhar 0 606 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Ditosos a quem acena 0 1.126 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Dizem que finjo ou minto 0 957 11/19/2010 - 16:55 Portuguese