Cancioneiro - A Grande Esfinge do Egito

A Grande Esfinge do Egito

A Grande Esfinge do Egito sonha por este papel dentro...
Escrevo — e ela aparece-me através da minha mão transparente
E ao canto do papel erguem-se as pirâmides...

Escrevo — perturbo-me de ver o bico da minha pena
Ser o perfil do rei Quéops ...
De repente paro...
Escureceu tudo... Caio por um abismo feito de tempo...

Estou soterrado sob as pirâmides a escrever versos à luz clara deste candeeiro
E todo o Egito me esmaga de alto através dos traços que faço com a pena...

Ouço a Esfinge rir por dentro
O som da minha pena a correr no papel...
Atravessa o eu não poder vê-la uma mão enorme,
Varre tudo para o canto do teto que fica por detrás de mim,
E sobre o papel onde escrevo, entre ele e a pena que escreve
Jaz o cadáver do rei Quéops, olhando-me com olhos muito abertos,
E entre os nossos olhares que se cruzam corre o Nilo E uma alegria de barcos embandeirados erra
Numa diagonal difusa
Entre mim e o que eu penso...

Funerais do rei Quéops em ouro velho e Mim! ...

Fonte: http:// www.ciberfil.hpg.ig.com.br

Submited by

Tuesday, September 29, 2009 - 17:00

Poesia Consagrada :

No votes yet

FernandoPessoa

FernandoPessoa's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 13 years 46 weeks ago
Joined: 12/29/2008
Posts:
Points: 745

Add comment

Login to post comments

other contents of FernandoPessoa

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Esta espécie de loucura 0 995 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Feliz dia para quem é 0 776 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Flor que não dura 0 606 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Foi um momento 0 702 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Fosse eu apenas, não sei onde ou como 0 763 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Fresta 0 512 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Fúria nas trevas o vento 0 1.716 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - É brando o dia, brando o vento 0 1.109 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Ela canta, pobre ceifeira 0 1.085 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Ela ia, tranqüila pastorinha 0 742 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Elas são vaporosas 0 445 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Em Busca da Beleza 0 485 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Em horas inda louras, lindas 0 949 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Emissário de um rei desconhecido 0 660 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Além-Deus 0 887 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Entre o bater rasgado dos pendões 0 911 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Entre o luar e a folhagem 0 742 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Entre o sono e sonho, 0 432 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Eros e Psique 0 601 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Dá a surpresa de ser 0 1.501 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Da minha idéia do mundo 0 791 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - De onde é quase o horizonte 0 734 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - De quem é o olhar 0 605 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Ditosos a quem acena 0 1.121 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Dizem que finjo ou minto 0 943 11/19/2010 - 16:55 Portuguese