destituição

Destituição Humana

Prevendo a Destruição dos Templos,
O Homem acordou, d’espada e teso,
Foi nesse exíguo ensejo que, o Senhor,
Carregado no semblante e no olhar,
Se acometeu no enfarpado d’humano.
E era vê-lo, criança, titubeando no Aral Mar,
tribos Desmontando, curvando muralhas
D’Israel e taças de graal d’últimas jantas.

Rembrandt d’mil e tal Magdalenas,
Despertou sorrisos no Seu caminhar,
Aos tropeções tropeçou confusões,
Cruzados d’San Terra, negados, sufocados,
Buscou no corpo d’amante o Seu desatino.
Mas a ânsia do despertar começou a palpitar
Apeteceu-lhe mergulhar no crucifixo,
Sem parar, deixando transbordar tudo,
O que queria proferir, viu-o , acordado.

Mas o Homem, acocorado, teve medo
Do que viu, teve pavor de se perder
E nesse sangrento rumor intestino
E úlceras apostolas, Julgou-se d’Israel.

O poeta transgride na fábula c’os verbos
Mas é mais d’ele o Cristo da verdade
Navega na crista, na Santidade prevista
Defraudado até no sentir, na palavra “solitude”
E navega no sonho de “d’avenir” e no medo de naufragar.

Mas, rosto de centos é este ser poeta,
Nos todos Pessoas que somos
O fingimento, por medo D’Ele , não envolve,
Quem sente, num repente ,dissolve a vontade
De experimentar , de frente o prazer,
Assim nEle s'envolva o sonho.

O poeta é aquele ser que só
Não sabe que real é comer
De Mecenas , vísceras e as mãos
E guardar d’ultimo fôlego a causa,
·Sentir, o praxis clandestino d’outros,
Roubados ao malho d’adros e igrejas.

Distraidamente avanço d’entre
Os poços de palavras,
E caio no meio de mudos
Chamamentos, levanto o copo
E corro de testemunhos
Para dentro de mim,
Bem lá para o fundo da memória
Sem Índico, nem mendigo, ou nada.

Totalmente cru, sou velho e fluí do cárcere,
Sou singular, inglório, inconstante,
Sou generalista desta casta
De assumidos que, na busca,
Ouviu da sereia meus cantares.

Seu’speranto ,de esperar
Pelos beirais amargos alardes,
Queiras ou não, aludes
Em um lagar ou monumento,
E ninguém me cale no falar.

Ainda que aqui d’esta Gaya ,
Acresça poeira e pregue na boca,
Se ela no poeta reconhecer guarida e for
Buscando poisos, desatentos e falas
Em casas de qualquer Thora.

Vai a poesia d’ampulheta,
Aliviando a dor d’ ancorado
Melhor seria d’olho tapado
O penhor teria a boca calada.

Adoro imaginar que sinto
Ou apenas d’onde vem
Para que possa encontrá-la
Naquela rua que não mereço
Por onde me oculto nas palavras
Nem a casa enxergo
Nem afirmo se lá morei
Contudo foi lá que começou...
A essência do Homem destituído.

Joel Matos

Submited by

Sunday, December 20, 2009 - 18:20

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 1 week 6 days ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Comments

Joel's picture

Rembrandt d’mil e tal Magdalenas

Rembrandt d’mil e tal Magdalenas

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Ministério da Poesia/General click folk flop flux… 1 641 02/23/2018 - 08:54 Portuguese
Ministério da Poesia/General Tudo e isto … 1 1.632 02/23/2018 - 08:53 Portuguese
Ministério da Poesia/General O vento anuncia-se pelo ruído … 1 1.486 02/23/2018 - 08:52 Portuguese
Ministério da Poesia/General Gostei de preencher de sonhos, instantes 1 1.838 02/23/2018 - 08:52 Portuguese
Ministério da Poesia/General Reis, princesas e infantes 2 2.867 02/23/2018 - 08:51 Portuguese
Ministério da Poesia/General Valham-me as palavras boas … 1 2.551 02/23/2018 - 08:29 Portuguese
Ministério da Poesia/General Não confies na força das tuas asas, confia no ar que sob elas passa … 1 1.716 02/22/2018 - 21:34 Portuguese
Ministério da Poesia/General Em silêncio 1 1.309 02/22/2018 - 21:34 Portuguese
Ministério da Poesia/General Aos desígnios que inventei só porque sim … 7 2.931 02/22/2018 - 17:07 Portuguese
Ministério da Poesia/General Minh’alma não tem uso pra mim 4 1.403 02/22/2018 - 17:04 Portuguese
Ministério da Poesia/General Pois que eu desapareça 1 1.859 02/22/2018 - 17:03 Portuguese
Ministério da Poesia/General Cicatrizes hão-de encher-me de poderes … 1 3.503 02/22/2018 - 17:03 Portuguese
Ministério da Poesia/General Ler é sonhar sonhos doutros … 1 1.950 02/22/2018 - 17:02 Portuguese
Ministério da Poesia/General Passado eu, azul triste, translúcido … 1 3.007 02/22/2018 - 17:00 Portuguese
Ministério da Poesia/General Bizarro 1 1.817 02/22/2018 - 16:59 Portuguese
Ministério da Poesia/General Do mar m’avisto. 4 2.601 02/22/2018 - 16:59 Portuguese
Ministério da Poesia/General Diário dos imperfeitos 2 1.918 02/22/2018 - 16:57 Portuguese
Ministério da Poesia/General o Outro 2 1.831 02/22/2018 - 16:57 Portuguese
Ministério da Poesia/General Sempre que desta falo … 2 984 02/22/2018 - 16:56 Portuguese
Ministério da Poesia/General Se … 3 1.420 02/22/2018 - 16:55 Portuguese
Ministério da Poesia/General Eu erro o ar que meto… 4 2.897 02/22/2018 - 16:54 Portuguese
Ministério da Poesia/General Coração de ninguém … 7 1.942 02/22/2018 - 16:53 Portuguese
Ministério da Poesia/General Havidos sonhos meus … 1 1.995 02/22/2018 - 16:51 Portuguese
Ministério da Poesia/General Cuido que… 1 2.650 02/22/2018 - 16:49 Portuguese
Ministério da Poesia/General A onze graus da esperança ... 1 2.688 02/22/2018 - 16:41 Portuguese