palavras mudas
estou farto de não te ter aqui
farto de mão vazia de outra mão
farto das palavras por não dar
que se acumulam casualmente pelo chão.
palavras mudas num sussurrar
palavras envelhecidas por eu não ter
alguém que as possa apanhar
palavras que entristecem ao saber
que não têm ninguém para amar
estou sozinho cercado por vazios
por brancos, por ocos, por nadas em baldios
alma daninha com ervas de nostalgia crescente
que amordaçam vontades semeadas
sob a luz do derradeiro sol poente
em descampado de saudades recordadas
estou farto da minha inexistência
sozinho na minha consciência
com alma sufocada por vozes que não falam
mas como louco, as invento todo o dia
conversam com os dedos, fazendo-lhes companhia.
depois, as minhas lembranças de ti, não se calam
correm por aí, quase não param
fazendo um vento quente que arrepia
a minha pele que chora, nesta longa noite fria
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Ministério da Poesia :
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