Sem título(013)
Rumo em silêncios recortados, intermitentes
rumores vagos, som reflexo, ausências insinuadas.
Ciência exacta, aplicadas matemáticas sem lúdicos brincares,
aturado génio, vacuidades em insonoros actos,
arautos amarelos em notícia calada,
Negra.
Em asfixia amnésica palavra azul,
círculo cromático, circulo em breu perdido,
em afonias padecente,
palavra quase nascida, indizível câmara escura,
revelação adiada da boca interdita,
a boca de dentes cerrados, dilacerantes,
a palavra na boca, silêncios!
O tempo mudo mede na areia
a espera ansiada do leve murmúrio, sílica cristal,
reflector solar, contador dos tempos
sem voz, os tempos ainda por anunciar, inomináveis
e insonoros.
Tímpanos estoirando, clepsidra, tempo atómico, medida
.
grão a grão de todas praias,
a palavra urgente! Revelação,
.
a espera!
Na demora da palavra por nascer
em sons primordiais, o cérebro vai tecendo
preciosa filigrana dourada ao sol,
a boca ansiando o sinal,
,
áureos elos unindo binómios,
a boca refém da cerebral vontade
voz suspensa em demorados lábios,
ouvidos ensurdecendo na improvável dádiva,
enlouquecendo, minguantes,
nas ganas do providencial acústico alimento.
.De fora de nós, do supremo dos seres,
descendente ela virá, inicial, percursora de claridades,
em sons transmutada,
eminentemente bela,
necessariamente única,
significante absoluta de todas as babilónias.
Na boca, os lábios, a palavra.
Trindade!
A voz éter propagação,
fonética livre revelada,
plena de todos os espaços
e de todas as medidas do tempo,
feita instantânea e única permissão.
Momento feérico no caminho do silêncio,
dos lugares dos tempos obscuros,
em caminho do espaço infinito,
feito de telepáticas comunicações.
E deixamos os sons duramente conquistados,
partimos livres, rumo a sublimes silêncios,
feitos de visuais entendimentos e emoções,
Almejada paz celestial por fim detida,
em nós por dentro de nós,
incorpórea essência dos céus,
humanas ambições aplacadas,
constantes e intranquilas buscas,
incondicionais e físicos anseios,
o ter e já nada desejar,
insanável contradição humana.
Vagueiam silêncios melódicos, silêncios consonantes na
percepção da almejada palavra,
o ruído cambiado em comunicação telepática, alquimia suprema!
A voz persiste feita inaudível, edificado som
na arquitectura divina dos vazios siderais.
Dionísio Dinis
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Comments
Sem título (13)
Dionísio Dias!
Lindo texto, meus parabéns, destaco estas linhas!
Vagueiam silêncios melódicos, silêncios consonantes na
percepção da almejada palavra,
o ruído cambiado em comunicação telepática, alquimia suprema!
A voz persiste feita inaudível, edificado som
na arquitectura divina dos vazios siderais.
Meus parabéns,
MarneDulinski
Obrigado Marne.É sempre
Obrigado Marne.É sempre bem-vindo!