Os arroios (Mário Quintana)

Os arroios são rios guris...
Vão pulando e cantando dentre as pedras.
Fazem borbulhas d'água no caminho: bonito!

Dão vau aos burricos,
às belas morenas,
curiosos das pernas das belas morenas.

E às vezes vão tão devagar
que conhecem o cheiro e a cor das flores
que se debruçam sobre eles nos matos que atravessam
e onde parece quererem sestear.

Às vezes uma asa branca roça-os, súbita emoção
como a nossa se recebêssemos o miraculoso encontrão
de um Anjo...

Mas nem nós nem os rios sabemos nada disso.
Os rios tresandam óleo e alcatrão
e refletem, em vez de estrelas,

os letreiros das firmas que transportam utilidades.
Que pena me dão os arroios,
os inocentes arroios...

Mario Quintana, In: Baú de Espantos.

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Domingo, Julio 10, 2011 - 02:44

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