Tecendo a manhã (João Cabral de Melo Neto)
Um galo sozinho não tece uma manhã.
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
João Cabral de Melo Neto, poeta brasileiro.
Submited by
Lunes, Agosto 1, 2011 - 00:28
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1021 reads
other contents of AjAraujo
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Dedicada | Auto de Natal | 2 | 2.809 | 12/16/2009 - 02:43 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Natal: A paz do Menino Deus! | 2 | 4.533 | 12/13/2009 - 11:32 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Uma crônica de Natal | 3 | 3.585 | 11/26/2009 - 03:00 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Natal: uma prece | 1 | 2.608 | 11/24/2009 - 11:28 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Arcas de Natal | 3 | 4.729 | 11/20/2009 - 03:02 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Queria apenas falar de um Natal... | 3 | 5.282 | 11/15/2009 - 20:54 | Portuguese |
Add comment