VÍRGULA INSTÁVEL

Abrigo que mata o tempo,
cais que incendeia a letra e queima a tinta.
O momento arde. Fogo como laguna das marés da tarde.

Ilha sem saber, sal qual arco-íris
em plágio embalsame o sol pelo ar do chão.
Lar de honra, adaga qual vergonha faça ninho
por detrás dos olhos como cântaro avelhentado.

A ponta da língua
como buraco de uma agulha de palavras
desaparecidas pelo palheiro dos sentimentos.

Traço à beira do infinito,
vento tangente à flor da pele da insânia.

Insónia como sombra de uma árvore
amputada à água açudada no riacho da primavera.
Chuva gótica como sangue em lágrima no pensamento.

Rastreio em desnorte, morte qual besta
percorra sem trela as nervuras do silêncio.

Âncora,
predador boquiaberto no escuro,
cadáver espontâneo à espinha dorsal da terra.
Guerra entre mundos taciturnos… Agnósticos.

Ruptura em espera,
pedra sem farpela ao relento da noite.

Polar… Dantesca!
Multidão que doa, canção
em canoa pelas veias da madrugada.

Factor humano… Veneno neutro!
Mentira bêbeda como molde perfeito.

Ambíguo corpo como cálice da hora,
o calendário como copo plebeu à denúncia dos astros.

Vírgula instável…

 

 

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Martes, Noviembre 15, 2011 - 00:13

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Henrique

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