Pacífico

Cavalguei o Pacífico,
enfrentei o tirano
terrífico
e amei as virgens
montanhas
ao deflorar suas
entranhas;
mas nada vi ali
que não houvesse aqui.
Exceto, talvez, a cor
de que se abusa
ao se amar
uma nova Musa.
Com Bete caminhei
a Revolução
que pouca houve
(e da qual já nem
se ouve).
Ousamos sonhar
entre sonos aferrados
das burguesas panças
saciadas de
churrasco e cerveja
(e de igual, seja).
Com outras,
ousei pensar
entre cérebros atrofiados
e nunca desconfiados
de serem títeres manipulados
por capachos violentos
de deuses sangrentos.
Se filosofia existiu,
entre dois nas camas,
foram só breves chamas.
Porém de uma dessas alcovas,
eis que sugiu alguém que eu
gostaria de ter sido.
Eis, vivo de repente,
o gênio afetuoso
que chamo de filho.
Gajo de garbo,
desfila pela vida
a elegância de seu
pensar sutil,
e por ora ostenta
o fecho de ouro
que lhe guarda
como tesouro.
Assim, as vidas passadas
em camas desarrumadas,
levaram-me meio-século
da vida que herdei,
de quem não sei.

Agora, vejo que o Pacífico
que um dia montei,
foi apenas um cavalinho
de carrossel
circulando num só eixo.
Que as montanhas
que deflorei, eram apenas
a irmãs-putas que me
saciaram algum desejo
e, certo dia, roubaram-me
um beijo.
Que Bete e a Revolução
forma quimeras
desterradas de outras
Primaveras.
E que eu uso a caneta,
como um bêbado a sarjeta.
Nelas dormimos,
tentando não acordar.

             Para Bete, saudades.

Submited by

Domingo, Noviembre 27, 2011 - 16:09

Poesia :

Sin votos aún

fabiovillela

Imagen de fabiovillela
Desconectado
Título: Moderador Poesia
Last seen: Hace 7 años 50 semanas
Integró: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of fabiovillela

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/General Vagos 0 1.084 08/21/2014 - 22:37 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte XI - A Ética baseada na Sabedoria 0 1.930 08/20/2014 - 16:07 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte XI - A Ética baseada no Saber 0 1.082 08/19/2014 - 16:33 Portuguese
Poesia/Amor Habitas 0 2.924 08/18/2014 - 14:41 Portuguese
Prosas/Otros Pobres velhos... Tristes tempos... 0 3.680 08/16/2014 - 22:32 Portuguese
Poesia/Dedicada A dor de Cesária 0 701 08/16/2014 - 01:38 Portuguese
Poesia/Amor As Histórias 0 3.128 08/14/2014 - 16:54 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte X - Matéria e Mente 0 1.505 08/14/2014 - 16:46 Portuguese
Poesia/Dedicada Ana e Flávia 0 685 08/13/2014 - 15:50 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte IX - Deus e a Natureza 0 1.832 08/12/2014 - 23:51 Portuguese
Poesia/Dedicada Os Pais 0 1.655 08/10/2014 - 14:53 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte VIII - A Ética - Livro III, IV e V - A Moral Geométrica 0 1.860 08/10/2014 - 03:06 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte VIII - Livro II (Da Mente) o Homem 0 654 08/08/2014 - 15:41 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte VI - A Ética - Preâmbulo e Livro I 0 1.249 08/07/2014 - 15:13 Portuguese
Poesia/General Saguão 0 1.366 08/05/2014 - 16:35 Portuguese
Prosas/Otros Jorge Luis Borges - O OUTRO - Resenha 0 2.447 08/05/2014 - 15:40 Portuguese
Poesia/Amor Demiurgo 0 1.321 08/03/2014 - 16:43 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte VI - O Progresso do Intelecto 0 1.088 08/02/2014 - 22:06 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte V - Tratado sobre a Religião e o Estado 0 1.405 08/01/2014 - 16:42 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte IV - após a expulsão 0 1.715 07/30/2014 - 14:42 Portuguese
Poesia/Amor Cristais 0 781 07/29/2014 - 01:44 Portuguese
Poesia/General Temporal 0 1.183 07/26/2014 - 21:24 Portuguese
Poesia/General Livres 0 1.241 07/26/2014 - 01:05 Portuguese
Poesia/Amor Habitastes 1 1.566 07/25/2014 - 23:49 Portuguese
Prosas/Otros Spinoza e o Panteísmo - Parte II - A formação do jovem Baruch 0 1.505 07/24/2014 - 16:08 Portuguese