ÚLTIMA VIAGEM DOS CORPOS AO ESCONDERIJO DA TERRA

Perdido de mim
encontro a noite como uma navalha
de punho sujo por desertos que a insónia embala.
Inquietude como infância dos passos dos meus sonhos.

Navalha cujos gumes de penumbra
me esfaqueiam a orgia das lágrimas nos meus olhos.

Lágrimas cujo sentir é borrasca de uma maré
sem fundo na praia do tempo onde me sou infinito.

Tempo cuja velocidade
tosse os sarampos da eternidade sobre os rios
das rugas que vacinam o saber a mel do meu sabor fel.

Rios cujas correntes poluídas por ódios
me levam as mãos à cara como palco de reflexos nocivos.

Espelho de esperas onde me paira a alma
em calma envenenada por fossos de ser ou não ser-me.

Esperas como poços infernais
cujos demónios são luas malandras
que se alimentam dos ácaros das minhas sinas.

Demónios de fogo cujas garras são línguas
de silêncio que me esventram as ventas das palavras.

Silêncio cujas salivas são sedes como pó
sem rédea na goela da Primavera tal sino pressagie
a última viagem dos corpos ao esconderijo da terra.

Sino cuja badalada pinta o horizonte de adeus
com trevas em trova como canção de sombra e saudade.

Sombra cujo movimento
é uma gota de chuva insípida como formiga tonta
a amealhar sementes de tristeza no inverno da minha pele.
Inverno cujo frio me queima a voz com feixes de sol morto.

Sol cujo círculo é uma vírgula por pousar
nas flores que me nascem horrores do pensamento.

 

 

Submited by

Sábado, Diciembre 10, 2011 - 14:20

Poesia :

Su voto: Nada (4 votos)

Henrique

Imagen de Henrique
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 10 años 5 semanas
Integró: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Henrique

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Pensamientos DA POESIA 1 9.698 05/26/2020 - 22:50 Portuguese
Videos/Otros Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 53.140 06/11/2019 - 08:39 Portuguese
Poesia/Tristeza TEUS OLHOS SÃO NADA 1 9.453 03/06/2018 - 20:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 11.091 02/28/2018 - 16:42 Portuguese
Poesia/Pensamientos APALPOS INTERMITENTES 0 9.794 02/10/2015 - 21:50 Portuguese
Poesia/Aforismo AQUILO QUE O JUÍZO É 0 10.384 02/03/2015 - 19:08 Portuguese
Poesia/Pensamientos ISENTO DE AMAR 0 9.312 02/02/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Amor LUME MAIS DO QUE ACESO 0 9.936 02/01/2015 - 21:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos PELO TEMPO 0 8.284 01/31/2015 - 20:34 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO AMOR 0 8.044 01/30/2015 - 20:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SENTIMENTO 0 7.792 01/29/2015 - 21:55 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO PENSAMENTO 0 9.611 01/29/2015 - 18:53 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SONHO 0 7.296 01/29/2015 - 00:04 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SILÊNCIO 0 7.913 01/28/2015 - 23:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos DA CALMA 0 7.837 01/28/2015 - 20:27 Portuguese
Poesia/Pensamientos REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 6.320 01/27/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 9.411 01/27/2015 - 15:59 Portuguese
Poesia/Aforismo NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 8.031 01/26/2015 - 19:44 Portuguese
Poesia/Pensamientos SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 8.771 01/25/2015 - 21:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos MIGALHAS DE SAUDADE 0 8.431 01/22/2015 - 21:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 7.474 01/21/2015 - 17:00 Portuguese
Poesia/Pensamientos PALAVRAS À LUPA 0 7.303 01/20/2015 - 18:38 Portuguese
Poesia/Pensamientos MADRESSILVA 0 6.152 01/19/2015 - 20:07 Portuguese
Poesia/Pensamientos NA SOLIDÃO 0 9.629 01/17/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos LÁPIS DE SER 0 9.340 01/16/2015 - 19:47 Portuguese