Tiro-liro-liro
O folclore português está cheio de personagens estranhas. Não só pelos nomes que lhes foram atribuídos (que não lembram a nem ao menino Jesus – e Jesus já não é um nome muito comum) como pela vida que levavam. Eram todos muito estranhos...
À excepção de um tipo, que se dedicava ao comércio de instrumentos musicais, com uma loja aberta ao público e que dava pelo nome de André... todos os outros, valha-me Deus...
Onde já se viu haver um fulano chamado Tiro-liro-liro e outro Tiro-liro-ló?! Se hoje em dia houvesse alguém com um nome desses desconfiar-se-ia (e com razão) sobre a sua orientação sexual. E, se continuassem com o estranho hábito de juntar-se “os dois à esquina” então... não seria, certamente, para tocarem a concertina... nem, tão pouco, para dançarem o solidó...
E o que dizer daquele que só se interessava em comer, beber e passear na rua?! Era tão trabalhador (mas, tão trabalhador) que até as meias e as botas tinham de lhe ser dadas por um caixeirinho com umas pernas lastimáveis! O Malhão (ninguém se chama Malhão, valha-me Deus...) seria concerteza um bon vivant que só queria saber de meretrizes (para não usar a palavra do vernáculo português que caracteriza todas aquelas que vendem o seu próprio corpo “ao desbarato”) e vinho verde... Ainda hoje há vários que o fazem, mas esses têm a sorte de... não se chamarem Malhão.
E a tia Anica?! A senhora algarvia que teria sérios problemas com a justiça portuguesa pois se assim não fosse não andaria a saltar de uma terriola para outra, como uma maluca?! Essa (cantada por uma sobrinha à qual não se conhece o nome) estaria certamente “metida” no tráfico de rapé utilizando para tal ilícito (pasme-se) as barras das suas saias. Originária de Loulé fugiria, numa primeira fase, para a Fuzeta e posteriormente para Alportel.
Portugal não mudou muito ao longo dos anos. Continua a haver personagens com os mesmos usos e costumes das referenciadas no folclore nacional. A única diferença está, apenas e só, nos nomes com que as mesmas foram baptizadas... muito mais requintados, como: Duarte Lima; Valentim Loureiro; Jorge Nuno Pinto da Costa; Avelino Ferreira Torres; Fátima Felgueiras; José Sócrates; entre muitos outros...
Luís Alturas, 30 de Dezembro de 2011
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