PLANGENTE

Tristeza. Magnitude plangente,
magma incandescente que desce pela cara.
Chuva de lágrimas ácidas a oxidar o aço do tempo.

Saudades como urtigas
a forrar de inquietação o caixão do olhar.
Nuvem de sombras à deriva pelo fechar dos olhos.

Ardência que ressuscita o passado.
Luva de sina suja pelo ar descosido das mãos.
Desesperos em palavras pálidas como lamentos baços.

Vento de sopro frio a assinar o abismo
com poeiras de beijos abandonados numa tábua de orgulhos.
Trovões de gritos carbonizados por mil fogos extintos no corpo.

Cisne morto num lago seco
no seio de um jardim de pedra que enfarta o coração.
Lua despida em suicídio. Poema de cinzas tecidas na alma.

O adeus… Dor maior.
Despedida acenada em silêncio.

Açoite que ata os lábios
à foice que ceifa em vão os nevoeiros.

Noite trucidada por insónia
intrincada nos poros da madrugada.

Triste tristeza. Face corada de incerteza.
Banquete de vidro estilhaçado entre a língua e a voz.

Cardápio cheio de nada.
Mar esvaziado… Maré de ausência.

Não que amputa o sol aos dias.
Rio esmiuçado por correntes sem paciência.
Murmúrio que escuta falas rimadas ao arame farpado.

Légua sem trégua. Solidão em contramão.
Distância sem trilho… Cordilheira sem nome.

 

Ápice de cera arrefecida,                    i                u                 z                 g                  e.
derretida de uma chama em      z              g                e                 a                  u

 

 

 

Submited by

Lunes, Febrero 6, 2012 - 23:56

Poesia :

Su voto: Nada (3 votos)

Henrique

Imagen de Henrique
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 10 años 45 semanas
Integró: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Henrique

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Pensamientos DA POESIA 1 13.970 05/26/2020 - 22:50 Portuguese
Videos/Otros Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 58.847 06/11/2019 - 08:39 Portuguese
Poesia/Tristeza TEUS OLHOS SÃO NADA 1 11.599 03/06/2018 - 20:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 14.045 02/28/2018 - 16:42 Portuguese
Poesia/Pensamientos APALPOS INTERMITENTES 0 12.061 02/10/2015 - 21:50 Portuguese
Poesia/Aforismo AQUILO QUE O JUÍZO É 0 14.303 02/03/2015 - 19:08 Portuguese
Poesia/Pensamientos ISENTO DE AMAR 0 11.007 02/02/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Amor LUME MAIS DO QUE ACESO 0 13.556 02/01/2015 - 21:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos PELO TEMPO 0 10.909 01/31/2015 - 20:34 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO AMOR 0 11.511 01/30/2015 - 20:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SENTIMENTO 0 10.688 01/29/2015 - 21:55 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO PENSAMENTO 0 16.384 01/29/2015 - 18:53 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SONHO 0 11.665 01/29/2015 - 00:04 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SILÊNCIO 0 11.107 01/28/2015 - 23:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos DA CALMA 0 13.332 01/28/2015 - 20:27 Portuguese
Poesia/Pensamientos REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 8.408 01/27/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 13.705 01/27/2015 - 15:59 Portuguese
Poesia/Aforismo NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 11.809 01/26/2015 - 19:44 Portuguese
Poesia/Pensamientos SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 11.667 01/25/2015 - 21:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos MIGALHAS DE SAUDADE 0 11.943 01/22/2015 - 21:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 9.746 01/21/2015 - 17:00 Portuguese
Poesia/Pensamientos PALAVRAS À LUPA 0 8.728 01/20/2015 - 18:38 Portuguese
Poesia/Pensamientos MADRESSILVA 0 8.013 01/19/2015 - 20:07 Portuguese
Poesia/Pensamientos NA SOLIDÃO 0 12.578 01/17/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos LÁPIS DE SER 0 12.536 01/16/2015 - 19:47 Portuguese