Poema da mercearia

Foste bela a cada olhar meu,
Como se todo eu fosse olhos.
Para mim nada mais existia,
Se o amar fosse coisa de mercearia
Eu comprava-te aos molhos.
Mas tal como um legume numa bancada
(seja repolho, couve ou beterraba)
Também tu mirraste…
Perdeste a cor e o cheiro
E o sabor que tinhas durante um ano inteiro
Fez-se o podre em que te tornaste.
Agora que perdeste toda a frescura
E ninguém te apalpa a ver se estás madura,
Fazes-te doce de novo…
Como se os dedos de todo o povo
Nunca tivessem por ti passado
…mas de fruta seca e mexida eu estou cansado.

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Miércoles, Mayo 2, 2012 - 21:10
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Rui Costa

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Comentarios

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Metáfora interessante esta!

Genial! Fruta ou mulher? Tal como os legumes, a fruta é remexida pelas mãos
do comprador, é certo. Interessante esta farpa em versos de escárnio e maldizer.

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:) obrigado

:)
obrigado

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