ARRAIAL DE SOMBRAS …

Floresta de palavras
cujo tronco se encasca de casta insana.

Chuva como pão
que anoitece em espinhos
no miolo da lama do infinito a fome de ser.

Infinito cuja resina veste o silêncio de apegos gagos
às vozes do vento que alimenta os labirintos
da folhagem da tristeza.

Vozes cujo movimento se reparte em luas de sede
pelas marés do tempo.

Marés cuja borrasca desfeita pelas bofetadas das horas
se deita na praia deserta dos corpos.

Corpos cuja carne vive a murro
pelo punho cerrado em lágrimas dos sentimentos.

Sentimentos cuja pele suada de saudade
é a camisola tingida por bastiões de dor da alma.

Alma cuja luz se despenha fria num arraial de sombras
como cachecol de urtigas
ao pescoço da poesia.

Poesia cujas engrenagens gritam espancadas
pelos lodaçais de solidão das madrugadas.

Madrugadas cujo chão de portas fechadas
trancam os pés ao sono.

Pés cuja insónia é uma esquina dobrada
pelas curvas das cores em pânico pela boca da noite.

Noite açoite por musas cujos lábios
se contorcem encapuzados de beijos fantasmas.

Beijos cujas salivas são asmas
que ardem nas labaredas sem polpa de um suspiro triste.

Suspiro cujo sopro se edifica num poema de pedra
como uma chiclete de sabor a nada
entre os dentes das sinas.

Sinas cujas mãos jazem no gesto do olhar.

Sabores demolidos cujas ruinas bordadas de culpa
são os carris artesãos do amanhã.

Amanhã cuja face hoje foi maquilhada
por tintas de ontens como trunfo
na sueca do destino.

.
.
.
.

Submited by

Viernes, Agosto 31, 2012 - 22:35

Poesia :

Su voto: Nada (4 votos)

Henrique

Imagen de Henrique
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 9 años 51 semanas
Integró: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Henrique

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Pensamientos DA POESIA 1 9.358 05/26/2020 - 22:50 Portuguese
Videos/Otros Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 51.140 06/11/2019 - 08:39 Portuguese
Poesia/Tristeza TEUS OLHOS SÃO NADA 1 8.552 03/06/2018 - 20:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 9.761 02/28/2018 - 16:42 Portuguese
Poesia/Pensamientos APALPOS INTERMITENTES 0 8.499 02/10/2015 - 21:50 Portuguese
Poesia/Aforismo AQUILO QUE O JUÍZO É 0 8.432 02/03/2015 - 19:08 Portuguese
Poesia/Pensamientos ISENTO DE AMAR 0 8.369 02/02/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Amor LUME MAIS DO QUE ACESO 0 8.984 02/01/2015 - 21:51 Portuguese
Poesia/Pensamientos PELO TEMPO 0 7.132 01/31/2015 - 20:34 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO AMOR 0 7.136 01/30/2015 - 20:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SENTIMENTO 0 6.783 01/29/2015 - 21:55 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO PENSAMENTO 0 8.271 01/29/2015 - 18:53 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SONHO 0 6.267 01/29/2015 - 00:04 Portuguese
Poesia/Pensamientos DO SILÊNCIO 0 7.252 01/28/2015 - 23:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos DA CALMA 0 6.332 01/28/2015 - 20:27 Portuguese
Poesia/Pensamientos REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 5.744 01/27/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Pensamientos MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 7.947 01/27/2015 - 15:59 Portuguese
Poesia/Aforismo NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 7.191 01/26/2015 - 19:44 Portuguese
Poesia/Pensamientos SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 7.655 01/25/2015 - 21:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos MIGALHAS DE SAUDADE 0 6.959 01/22/2015 - 21:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 6.508 01/21/2015 - 17:00 Portuguese
Poesia/Pensamientos PALAVRAS À LUPA 0 6.571 01/20/2015 - 18:38 Portuguese
Poesia/Pensamientos MADRESSILVA 0 5.525 01/19/2015 - 20:07 Portuguese
Poesia/Pensamientos NA SOLIDÃO 0 8.707 01/17/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Pensamientos LÁPIS DE SER 0 8.188 01/16/2015 - 19:47 Portuguese