O Quarto
Cheirava a velho, a fechado.
Devagar, como quem receia o que vai ver, abri a porta.
Os meus olhos levaram segundos a acostumar-se à ausência de luz.
Apenas uns raios amarelados passavam pelos buracos da persiana, semi-cerrada.
Neles viam-se partículas de pó a voar, caindo junto do manto acinzentado que cobria os móveis.
As cortinas já não as eram… tinham-se transformado e fiapos.
Os livros, que já na altura eram velhos, tinham envelhecido mais uns anos,
cheiravam a início de século…
O edredão vermelho da cama, antiga alcova de amor, era agora de um tom de rosa envelhecido pela claridade e pelo tempo.
O mármore da cómoda continuava frio e imaculado e o espelho não mais mostrava o meu reflexo.
Limpei-o e vi-me.
Uma lágrima escorreu pelo reflexo daquele rosto jovial, caindo nas mãos agora rugosas.
Na mesinha de cabeceira qualquer coisa brilhava, era um papel amarelecido pela velhice que dizia: “Aqui jaz quem eu fui”…
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Comentarios
Re: O Quarto
Bom poema, gostei de ler! :-)
Re: O Quarto
um papel amarelecido pela velhice que dizia: “Aqui jaz quem eu fui”…
É o rápido passar do tempo. Quando vemos já são seis horas, 6 dias ou 60 anos. As lembranças dos bons momentos sempre ficarão, pois estas nos dão ainda esperança para viver.
Muito lindo!!!
Re: O Quarto
"Uma lágrima escorreu pelo reflexo daquele rosto jovial, caindo nas mãos agora rugosas".
Muito interessante o tempo passo, mas ainda te sentes com a face jovial, embora tenhas às mãos rugas.
Parabens muito bom.
Re: O Quarto
Gostei imenso
O tempo não espera por ninguém...
Bjos
Re: O Quarto
Belíssimo, Alexandra.
Mais uma vez, escreves com um olhar sobre aquelas pequeninas e lógicas letras que existem na textura Vida.
(Cheguei a escrever prosas deste género, com este tipo de ritmo)
Abraços ^^
Re: O Quarto
A vida é assim msm... passa a correr... e todos temos quartos fechados, cheios de pó e recordações, envelhecidos pelo tempo... q esquecemos enquanto não temos tempo e relembramos qd o tempo q tinhamos já passou.
AMEI. :-)
Beijo grande