O fado do palhaço
Pintei o rosto do que não sou
E apenas dos olhos se vê a alma
Dispare do sorriso que infecto
O mesmo que desbota lá fora
Fantasio uma vida farta de folias
Abismando o espírito da plateia
Que deseja se desprender do seu corpo
Para encarnar neste que é tão falso
Cada ecoar das suas palmas
Corrobora o dom da representação
Mas devasta este palhaço com a ideia
Que esta máscara não o deveria ser
A apreensão desta quimera
Assina a sombra do que sou
Pois quando cessa o devaneio
O negro ainda é mais escuro
Agora defronte do espelho
Enfrento o reflexo que me aguarda
E no porte da primeira lágrima
Lavo o rosto e canto o fado
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Domingo, Julio 12, 2009 - 21:39
Poesia :
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jopeman
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Comentarios
Re: O fado do palhaço
Caríssimo João,
A fuga do espelho, a consciência da máscara...Uma reflexão para todos nós. Gostei muito.
Agradeço seu comentário no meu texto teatral infantil.
Seu conceito é importante para mim. Um abração, Gil
Re: O fado do palhaço
Um belo poema, sobre as alegrias e as tristezas que habitam o ser e o parecer.
Somos todos palhaços...ricos, pobres e assim-assim.
Re: O fado do palhaço
Reflexos de uma imagem onde somos mesmo que sejamos só reflexos...
Que importa...
Beijinho
Dolores Marques
Re: O fado do palhaço
"Fantasio uma vida farta de folias
Abismando o espírito da plateia
Que deseja se desprender do seu corpo
Para encarnar neste que é tão falso"
Uma predigiosa forma poetica de expressar o "faz de conta.."
Valeu...
Um abraço energizado com muito amor
Re: O fado do palhaço
"Fantasio uma vida farta de folias
Abismando o espírito da plateia
Que deseja se desprender do seu corpo
Para encarnar neste que é tão falso"
A Platéia em ti quer encarnar, porque se falço palhaos é?
Lindo
Parabens.
Re: O fado do palhaço
grande poesia, uma excelente reflexao gostei
Re: O fado do palhaço
Destaco
"Agora defronte do espelho
Enfrento o reflexo que me aguarda
E no porte da primeira lágrima
Lavo o rosto e canto o fado"
Excelente
:-)
Re: O fado do palhaço
"Pintei o rosto do que não sou
E apenas dos olhos se vê a alma
Dispare do sorriso que infecto
O mesmo que desbota lá fora."
Quantas vezes isso não acontece.
Gostei bastante.bjs
Re: O fado do palhaço
Deu para ver a lágrima escorrendo iluminada pela difusa luz amarelada das pequenas lâmpadas de um espelho de camarim, e lágrima ali como troféu de resistência em prol de sua liberdade de ter emoções.
Ai palhaço...quem nunca o mimetisou neste circo chamado "Sociedade"
CLAP,CLAP,CLAP...
BIS, BIS,BIS!!!!
Re: O fado do palhaço
Meu caro João, o palhaço como "clown". A tristeza escondida sob a pintura e a pirueta e a piada. A representação quimérica que (des)conta nossa história: o fato e o fado. A versão negativa dói. Bela construção. Abraços, Pedro.