ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO

As minhas sedes são secos leitos,
rios de rir como rugas pela cara abaixo.

Verdes palmas que as mãos agitam,
sonhos por amadurecer.

Futuros passados da cabeça,
para lá de lás que as vistas gritam.

Chorrilho de um mundo de afectos
que engrossam as ocas tintas do sentir.

Golfadas de ar fresco,

pomadas alucinogénias sobre a pele do pensar,
fogueiras de corpos sobre a pele do corpo.

Chãos que deslizam,

desistências,

que na alma avisam os músculos
das tempestades que rodeiam o olhar,
lágrimas cintilantes na escuridão da poesia.

Esperas ao relento de silenciosa saudade.

Fés como feras na mendicidade
de insanas procuras.

Encontro de incoerências,

fantasmas que os medos apalpam,
ventos que a voz diz e cala,

âncoras num deserto
onde a voz do tempo já não fala.

Areais de penitência
onde o amor semeia e colhe a solidão.
.
.
Henrique Fernandes

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Miércoles, Enero 21, 2015 - 17:00

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