Cai a máscara.

Cai a máscara
Levando consigo um naco
De carne pensante.
Vejo-a ao longe, intocável, distante…
E tudo o que em mim era sacro
Soa agora a um nada que se expande
No cenóbio da minha figura.

Todos os acenos, todas as locuções…
Todos os pensamentos e sensações…
Genuínos assobios de outrem
Um tudo de mim que nada de mim teve.
Pegadas de quem não tem
Pés e as deixa na neve…

Era um eu que não eu,
Era um eu que de teu
Tornava meu, aquilo que não era eu.
Agora...
Que a aparência baqueia
Sinto-me frágil como
Um ramo que bloqueia
A passagem de um rio irado.
Quebro-me e vejo-me
Obrigado a ceder.
A dor é não poder morrer…

Sim! A dor…
É não poder morrer…
E ter de viver resignado
E aprisionado dentro de quem mais desconheço.