DÁ-ME O ÚLTIMO BEIJO

Rasgas-me
para não me teres por inteiro.

Gritas o adeus.

Sussurras
para que ninguém ouça seres minha.

Reduzes-me a nada.

Escolhes caminhos
por onde eu não possa caminhar.

Fechas-me os olhos
Para não te seguir e encontrar.

Engendras o ódio nos teus lábios.

Pões-me a um canto onde te odeio.

Constróis castelos
sem portas para eu não entrar.

Da tua boca sinto sabor a pedra.

Passas por mim
numa lua sem janelas
para não te tocar com o olhar.

Cospes-me com sorrisos de rejeição.

Corres
em direcção ao infinito
para não te conseguir amar.

Escondes-te
em flores para não te cheirar.

Matas-me para que não viva em ti.

Esqueces-te quem sou
para ser o que não queres que eu seja.

Não me dás
o último beijo
nem me deixas beijar outra.

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Martes, Junio 1, 2010 - 00:40

Poesia :

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Henrique

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Comentarios

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Re: DÁ-ME O ÚLTIMO BEIJO

Henrique,
Que poema lindo!!!
Uma entrega irreverente,ambivalente com uma resistência poética espertacular.
Adorei.
Suzete Brainer.

Imagen de nunomarques

Re: DÁ-ME O ÚLTIMO BEIJO

Lindissímo poema Henrique.

Excelente todo ele.
fav*
Abraço
Nuno

Imagen de Alcantra

Re: DÁ-ME O ÚLTIMO BEIJO

Uma fuga do que se procura, uma antítese amável, um medo de ser de alguém e de ser fraco diante a capacidade daquela que põe em ti todos os artifícios do amor.

Muito bem construído,

Alcantra

Imagen de mariacarla

Re: DÁ-ME O ÚLTIMO BEIJO

O afastamento do amor entre vidas cruzadas!

Apesar de derramar tristeza no seu todo, é muito lindo este poema.

"Constróis castelos
sem portas para eu não entrar."

Beijinho

Carla

Imagen de Librisscriptaest

Re: DÁ-ME O ÚLTIMO BEIJO

"Da tua boca sinto sabor a pedra"

Já tinha saudades de te ler Henrimarte...
E regressas com a alma a verter tristeza em poesia...
Intenso e sofrido, contudo intimamente belo...
Beijinho grande em ti!
Inês

Imagen de Nyrleon

Re: DÁ-ME O ÚLTIMO BEIJO

Gostei desta parte:

"Da tua boca sinto sabor a pedra."

(Belíssimo, fluente.)

"Passas por mim
numa lua sem janelas
para não te tocar com o olhar."

Ah! Só emoção!
Adorei o poema!

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