DA PALAVRA RESTA O SANGUE

Arrecado meus olhos
numa sepultura de cebolas
e nem assim choro.

Amo para chorar.

Esventro meu corpo
com um tornado de lâminas
e nem assim sangro.

Apaixono-me para sangrar.

Mato-me
com prosas de morte
e nem assim morro.

Vivo para morrer.

Mergulho
em poços de merda
e nem assim cheiro mal.

Perfumo-me
de ansiedade para cheirar mal.

Sinto-me podre.

Deito-me
numa cama de vómitos
e nem assim fico azedo.

Fico sem sexo para azedar.

Rezo a Deus
e nem assim sou santo.

Faço pazes
com a luz do Diabo
e a sombra dos anjos.

Crucifico-me em mim.

Da palavra resta o sangue
que meu corpo rejeita e a alma cospe.

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Miércoles, Junio 2, 2010 - 00:17

Poesia :

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Henrique

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Comentarios

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Re: DA PALAVRA RESTA O SANGUE

Henrique,
Um diálogo interno doloroso em forma de uma intensa poesia reflexiva e profundamente bela...
Abraço!
Suzete.

Imagen de ÔNIX

Re: DA PALAVRA RESTA O SANGUE

Sofrido smas sentido poema, com todas as palavras que o caracterizam

beijo Henrique

Dolores Marques

Imagen de mariacarla

Re: DA PALAVRA RESTA O SANGUE

Henrique,

Tanta amargura, tanta dor reflectida na tua poesia ultimamente!

Vive para escrever e partilhar

beijinho

Carla

Imagen de Susan

Re: DA PALAVRA RESTA O SANGUE

Henrique aí está um poema de dor e cheio de morte com sopro de vida.
Da palavra resta o sangue que meu corpo rejeita e a alma cospe.
Profundamente dito .
Muito bom !!!
Abraços
Susan

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