Coração é terra que ninguém vê (Cora Coralina)

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.

Semeador da Parábola...
Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.

Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão

Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.

Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi o que encontrei...

* Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (1889 - 1985) foi uma poeta goiana.

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Sábado, Septiembre 11, 2010 - 23:32

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AjAraujo

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Coração é terra que ninguém vê

Este é um dos grandes poemas da nossa Cora Coralina, vale a pena conferir.

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