ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
Quando à noite
já não fores tu a minha lua,
meus olhos deixarão de ver o luar.
Serei despejo à tona
de um rio de lágrimas,
escorridas pela face em vão.
Esquecerei
o meu nome sobre a tua sepultura.
Quando já não fores tu
o sol dos meus dias quentes,
meu corpo hibernará em sombras.
Serei nódoa
no o pano do tempo
que bordaste com carinho.
A água
da chuva será vinagre
no fosso das minhas horas sem ti.
Quando já não for
a tua voz que fala o vento,
minha alma ficará muda em tempestade.
A esperança
será um circo de medos
humedecidos pela ansiedade.
Chorarei flores murchas
de não te ter nos meus braços.
Quando o silêncio
já não for o sabor do beijo,
minha boca será um cacto no deserto.
Meus lábios
serão escravos do desejo
enforcado no átrio de uma cama fria.
O teu adeus
será um aceno interminável
até que a morte me leve também.
Quando já não
fores tu o meu Verão,
a vida será um floco de neve.
O brilho do meu olhar
será um inverno mais que infinito.
Os meus poemas
serão folhas caídas no fado do Outono.
Quando as palavras
já não forem o teu amor,
meu sorriso será um barco afundado.
O meu amor
ficará ancorado no nevoeiro
onde esperarás por mim na eternidade.
O meu reflexo no espelho
será de espinhos tirados a uma rosa.
Quando a tua mão
já não for o meu caminho,
meus pés serão penitenciários.
O meu amar-te
será um cárcere de saudade.
A minha cara
será um arbusto de corujas
agoirentas pela madrugada do grito.
Vamo-nos amar
desde que a vida nos juntou
até que a morte um dia nos separe.
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1065 reads
Add comment
other contents of Henrique
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Pensamientos | DA POESIA | 1 | 9.876 | 05/26/2020 - 23:50 | Portuguese | |
![]() |
Videos/Otros | Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. | 1 | 53.426 | 06/11/2019 - 09:39 | Portuguese |
Poesia/Tristeza | TEUS OLHOS SÃO NADA | 1 | 9.635 | 03/06/2018 - 21:51 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO | 4 | 11.568 | 02/28/2018 - 17:42 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | APALPOS INTERMITENTES | 0 | 10.204 | 02/10/2015 - 22:50 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | AQUILO QUE O JUÍZO É | 0 | 11.634 | 02/03/2015 - 20:08 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | ISENTO DE AMAR | 0 | 9.536 | 02/02/2015 - 21:08 | Portuguese | |
Poesia/Amor | LUME MAIS DO QUE ACESO | 0 | 10.289 | 02/01/2015 - 22:51 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | PELO TEMPO | 0 | 8.576 | 01/31/2015 - 21:34 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | DO AMOR | 0 | 8.245 | 01/30/2015 - 21:48 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | DO SENTIMENTO | 0 | 8.166 | 01/29/2015 - 22:55 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | DO PENSAMENTO | 0 | 10.528 | 01/29/2015 - 19:53 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | DO SONHO | 0 | 7.521 | 01/29/2015 - 01:04 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | DO SILÊNCIO | 0 | 8.255 | 01/29/2015 - 00:36 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | DA CALMA | 0 | 8.492 | 01/28/2015 - 21:27 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | REPASTO DE ESQUECIMENTO | 0 | 6.721 | 01/27/2015 - 22:48 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE | 0 | 10.156 | 01/27/2015 - 16:59 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ | 0 | 8.222 | 01/26/2015 - 20:44 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO | 0 | 9.149 | 01/25/2015 - 22:36 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | MIGALHAS DE SAUDADE | 0 | 9.101 | 01/22/2015 - 22:32 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO | 0 | 7.625 | 01/21/2015 - 18:00 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | PALAVRAS À LUPA | 0 | 7.428 | 01/20/2015 - 19:38 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | MADRESSILVA | 0 | 6.557 | 01/19/2015 - 21:07 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | NA SOLIDÃO | 0 | 9.972 | 01/17/2015 - 23:32 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | LÁPIS DE SER | 0 | 9.822 | 01/16/2015 - 20:47 | Portuguese |
Comentarios
Re: ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
"Quando", marca temporal de um tempo futuro, indiciador do que poderá acontecer perante o sentimento de perda. Perda essa que remete para a não vida, pelo que é urgente amar, "é urgente o amor", "eu quero, amar, amar, peridamente".
"Quando já não fores tu
o sol dos meus dias quentes,
meu corpo hibernará em sombras."
Pelo que,
"Vamo-nos amar
desde que a vida nos juntou
até que a morte um dia nos separe."
Um beijo
Quimeras
Re: ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
..."Vamo-nos amar
desde que a vida nos juntou
até que a morte um dia nos separe."
A vida reserva muitas surpresas e podemos perder alguem que amamos num instante...Somente o tempo pra curar as dores da vida.
um abraço!
Re: ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
Será que a morte separa?
Teu poema diz que sempre te lembraras, descreves-te lembrando sempre o amor sentido.
Lindo.
Re: ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
Lindooooooooooo :-(
Separa fisicamente, só!!!
Re: ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
Serei despejo à tona
de um rio de lágrimas,
escorridas pela face em vão.
Meus lábios
serão escravos do desejo
enforcado no átrio de uma cama fria.
Lindo Henrique!
Amar até à eternidade.
Depois da morte, na outra vida.
Abraço.
Vitor.
Re: ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
Bonita a forma e o miolo...oxalá consigas servir tão grandiosa iguaria a ti e à tua donzela.
Além das letras, da beleza que se descreve, do que enleia a iris e encanta as sintaxes, há o objecto que se coisifica, que se sentifica e se imiscui nesse crer estético. Além do signo que se tece em sublimes écharpes multidimensionais há a ideia que se poliniza...gostei de todo este teu canto: voz, morfemas e real...
Re: ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
Caro poeta,
A qualidade da sua escrita é impressionante. É um prazer enorme ler o que escreve. Abraços, de um leitor atento
Re: ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
"vamo-nos amar
desde que a vida nos juntou
até que a morte um dia nos separe"
Um SIM para toda a vida!Gostei muito!!!
Abraço
Varenka