Sinapses contemporizadas.

Sinapses contemporizadas. Breves suspiros de lucidez que se perdem entre a certeza de querer ser coisa nenhuma. Bebo. Beber é bom, reduz o sentido às sinapses. Reduz os neurónios ao absurdo. Desfalca a verdade impressa nos jornais ou despejada nos noticiários de Tv. Faz rir. Rir como nunca rimos sóbrios.

Tudo é mentira, excepto o copo ou a bebida (pelo menos até que a derrote). As pessoas são mentira. Os media são mentira. A política é mentira. A economia é mentira. Tudo é uma mentira generalizada, ao dispor de quem sabe que ela existe ou se serve dela para viver de verdade.

Somos ovelhas parvas. Ovelhas que pastam sem nunca matarem a fome, ou saberem porque pastam. Somos ferramentas de um pastor corrompido pela pressão atroz das companhias. Somos ninguém.

Somos sinapses incompletas. Suspiros eternos e inglórios. Trágicos clímaxes neuróticos que nasceram apenas para figurar. Somos o reflexo dos céus e os restos dos mares. Somos a ferramenta do ar e as vítimas do fogo. Somos ninguém, um dos que não se aceita homogéneo…