Choro-te...

Choro-te. É impossível não fazê-lo, quando te crucificas, assim, à minha frente. Choro-te. Mesmo sabendo que a vida é uma mentira que se vai descobrindo à medida que os anos passam, e, de onde a alegria apenas surge, no eco de uma memória de infância, uma daquelas que até foram felizes.

Choro-te. Porque como tu, também eu já soube o que é isto de sermos eternos incompreendidos, fardos paralisados entre um sonho negado pela alheia arbitrariedade de estarmos sós.

Ao fundo passam seres felizes. Ao fundo da rua onde também tu, já o foste. Choro-os também, um dia serão como tu, serão como nós. Um dia também eles chorarão nestas ruas paralelas, onde a noção da existência nos toma, assombrando-nos a consciência. Chorarão por eles e pelos outros. Aqueles que, como nós fomos um dia, caminharão felizes e aspirantes a donos do mundo antes de entenderem que o único espaço a que têm direito é ao seu, que não é mais do que o acordar para uma realidade, acordar e nunca mais poder dormir.

«O mundo é cruel não é?» Perguntas-me, de consciência espantada. «Não irmão, o mundo é como sempre foi, a diferença é que hoje, finalmente, provaste-lhe o sentido.»

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Domingo, Octubre 11, 2009 - 01:23

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RodriguesPedro

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Re: Choro-te...

RodriguesPedro;
Porque como tu, também eu já soube o que é isto de sermos eternos incompreendidos, fardos paralisados entre um sonho negado pela alheia arbitrariedade de estarmos sós.

Vais directo á questão, ao âmago da compreensão.

Muito bem conseguido.

Parabens

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