Choro-te...
Choro-te. É impossível não fazê-lo, quando te crucificas, assim, à minha frente. Choro-te. Mesmo sabendo que a vida é uma mentira que se vai descobrindo à medida que os anos passam, e, de onde a alegria apenas surge, no eco de uma memória de infância, uma daquelas que até foram felizes.
Choro-te. Porque como tu, também eu já soube o que é isto de sermos eternos incompreendidos, fardos paralisados entre um sonho negado pela alheia arbitrariedade de estarmos sós.
Ao fundo passam seres felizes. Ao fundo da rua onde também tu, já o foste. Choro-os também, um dia serão como tu, serão como nós. Um dia também eles chorarão nestas ruas paralelas, onde a noção da existência nos toma, assombrando-nos a consciência. Chorarão por eles e pelos outros. Aqueles que, como nós fomos um dia, caminharão felizes e aspirantes a donos do mundo antes de entenderem que o único espaço a que têm direito é ao seu, que não é mais do que o acordar para uma realidade, acordar e nunca mais poder dormir.
«O mundo é cruel não é?» Perguntas-me, de consciência espantada. «Não irmão, o mundo é como sempre foi, a diferença é que hoje, finalmente, provaste-lhe o sentido.»
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Comentarios
Re: Choro-te...
RodriguesPedro;
Porque como tu, também eu já soube o que é isto de sermos eternos incompreendidos, fardos paralisados entre um sonho negado pela alheia arbitrariedade de estarmos sós.
Vais directo á questão, ao âmago da compreensão.
Muito bem conseguido.
Parabens