Monólogo da revolta de uma coisa relativamente a uma outra, que lhe é diferente.
Às vezes apetece-me mandar o mundo à merda. Não de um jeito qualquer. Educadamente. Assim não poderiam, se quisessem, ofender as minhas origens. Às vezes apetece-me mandar o mundo, acompanhadamente à merda. Afligia-me se ele fosse sozinho…
Abstracção. Tentem respirar, algures entre uma atmosfera imunda, uma partícula de oxigénio purificada. Ainda que não saibam qual, saberão sempre que uma das porções de ar está inquinada.
Insanidade. Tentem ensinar uma sarjeta. Impossível. Todas elas acolhem, sem selecção, toda a espécie de muco. De fezes… Gosto de fezes. Especialmente das enroladas. Lembram-me espirais. Linhas contínuas e arbitrariamente encurvadas, que se mostram como são, e vivem para sempre sem artificialidade.
Reformulo. Às vezes apetece-me mandar, acompanhadamente, o mundo para um lugar mais feio do que fezes.
Às vezes mando-as para esse lugar. Olho-as e falo-lhes, sem que estas se apercebam. Sorriem-me frequentemente quando o faço. Eu também. Estúpidas, elas fazem-no sem saberem porquê. Lúcido, aproveito para economizar raciocínios. Pois sei, no fim de contas, que elas não sabem o motivo pelo qual me ri-o da cara delas, ou se me ri-o efectivamente delas. E no fim, ainda pensam que sou um tipo simpático.
Nem todos os tipos que nos riem sem motivo são simpáticos. Ou são estúpidos, porque não sabem do que riem, ou, e para lá do seu riso vulgar, comummente entendido também por simpatia quando a sua origem não consegue ser fielmente explicada, são anónimos comediantes que, confortavelmente sentados no cadeirão metafórico do seu silêncio, servem a plateia voraz que jaz sedenta de escárnio, dentro deles.
Às vezes apetece-me mandar o mundo para uma prisão. Mas quase sempre, sou eu quem acaba preso. Não numa prisão, que isso seria poder demais, mas antes a uma vontade
Muito bem, fiquei convencido. Talvez deva reunir esforços no sentido de controlar os meus impulsos pois, e, no fim de contas, ainda há instantes cheguei à conclusão que todos eles, são actos que nos empobrecem.
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 534 reads
Add comment
other contents of RodriguesPedro
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Fotos/Perfil | Eu 3 | 1 | 1.437 | 06/08/2011 - 15:40 | Portuguese | |
Fotos/Perfil | eu 4 | 1 | 1.582 | 06/08/2011 - 15:38 | Portuguese | |
Fotos/Perfil | Eu | 1 | 1.527 | 06/08/2011 - 15:35 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Um beijo teu. | 0 | 1.148 | 06/01/2011 - 14:36 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Uma folha vazia. | 7 | 929 | 03/17/2011 - 11:54 | Portuguese | |
Prosas/Romance | exercício de uma aula de escrita criativa onde foram dadas 6 ou 7 personagens e tive de escrever sobre uma. | 0 | 1.334 | 02/20/2011 - 03:00 | Portuguese | |
Videos/Perfil | 508 | 0 | 1.424 | 11/24/2010 - 21:58 | Portuguese | |
Fotos/Perfil | Eu 2 | 0 | 1.538 | 11/23/2010 - 23:40 | Portuguese | |
Videos/Arte | Manipulação dos Meios de Comunicação Social | 0 | 1.641 | 11/19/2010 - 22:30 | Portuguese | |
Videos/Otros | Portugueses | 0 | 1.740 | 11/19/2010 - 22:30 | Portuguese | |
Prosas/Comédia | Quantos Hectares?... | 0 | 1.329 | 11/18/2010 - 23:08 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | A minha realidade. | 0 | 993 | 11/18/2010 - 23:03 | Portuguese | |
Prosas/Erótico | Devo estar doente | 0 | 1.140 | 11/18/2010 - 22:56 | Portuguese | |
Prosas/Drama | O último encontro. | 0 | 899 | 11/18/2010 - 22:50 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Compreensão. | 0 | 1.137 | 11/18/2010 - 22:50 | Portuguese | |
Poesia/Erótico | Mostra-me... | 0 | 1.024 | 11/17/2010 - 23:04 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Arde um beijo. | 1 | 961 | 04/30/2010 - 22:45 | Portuguese | |
Prosas/Drama | Penhasco. | 3 | 1.006 | 03/28/2010 - 16:08 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Problema de expressão. | 11 | 1.013 | 01/31/2010 - 13:51 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Tudo se esbate. | 7 | 903 | 01/31/2010 - 13:50 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Gosto do lugar de ninguém. | 5 | 872 | 01/25/2010 - 08:10 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Pensar | 1 | 1.260 | 01/04/2010 - 23:33 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Fraqueza. | 1 | 1.138 | 01/04/2010 - 13:24 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Cai a máscara. | 3 | 924 | 12/16/2009 - 19:01 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Não sei quem sou. | 3 | 940 | 12/10/2009 - 19:36 | Portuguese |
Comentarios
Re: Monólogo da revolta de uma coisa relativamente a uma ...
Parabéns pelo belo texto.
Gostei.
Um abraço,
REF
Re: Monólogo da revolta de uma coisa relativamente a uma ...
Gostei da forma como identificas a nossa posição num mundo, onde abundam sarjetas e maleitas que nem sempre lá cabem
Seremos um mundo a redimensionar
Beijos
Matilde D'Ônix
Re: Monólogo da revolta de uma coisa relativamente a uma ...
Está bom pah... está bom...
Re: Monólogo da revolta de uma coisa relativamente a uma ...
Obrigado,
Cumprimentos.
Re: Monólogo da revolta de uma coisa relativamente a uma ...
RodriguesPedro ;
Vibrante, essencial e metódico.
Prosaico no pensamento.Real na direcção do sentido e firme na vontade:
Soberbo a distracção sobre sarjetas.
gostei