FORMALISMO, FORMAL - Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
FORMALISMO, FORMA, FORMAL – do francês “FORMALISME”. Antes de adentrarmos ao sistema em si, analisaremos o vocábulo raiz “Forma”, por ser um ponto crucial no estudo da Filosofia. Forma é a idéia oposta à do elemento isolado. Significa a percepção global de um conjunto, ou agrupamento, de elementos singulares. A “Forma” é aquilo que estipula o quê será a matéria bruta, fazendo dela alguma coisa definida e compreensível. Matéria e Forma formam o par central na Filosofia de Aristóteles (384/322 aC.), onde “Forma” é aquilo que, na Coisa, ou no Objeto, ou no SER, é inteligível ou compreensível, podendo ser reconhecida pela Razão (ou raciocínio) quando se torna o “Objeto de Estudo” da ciência. É a Essência de uma Coisa (lembrando que em Platão, essa Forma ou Essência NÃO está na Coisa, mas em “outro local” servindo de “modelo” para aquela Coisa). A Matéria é, então, segundo Aristóteles, um substrato (ou um material indefinido) passivo que só através da Forma que vir a ter passará a ser algo definido e compreensível. Porém, Matéria e Forma só podem ser separadas na esfera do Pensamento, pois toda Matéria tem alguma forma ou formato, mesmo que essa não seja definível. É a matéria amorfa. KANT (1724/1804) também usa o conceito de Forma em sua Filosofia, o que, aliás, a torna “Formalista”. Para o sábio alemão, “Forma” é resultado da atividade livre do Espírito Humano; e é assim que ele chama de “Formas (ou fôrmas)” as “Categorias de Pensamento”, pois são elas, livremente ativadas pela Mente ou Espírito Humano, que dominam a matéria e lhes dão os respectivos formatos. Aquilo que foi captado pelos Sentidos e processado pela Razão adquire certa conformação, certo aspecto, que corresponde ao seu respectivo Conceito. Essa soma de “Coisa externa” + “A mesma coisa Formatada”, segundo a ação da Mente ou Espírito humano e conforme as “Categorias de Pensamento” resultam no chamado “Fenômeno”. Na “Teoria da Forma” ou GESTALTTHEORIE afirma-se que o Homem só consegue perceber ou captar o conjunto dos elementos e não cada um desses elementos individualmente. Como exemplo, tem-se: quando se vê algo, enxerga-se simultaneamente certa forma – tanto no sentido de contorno, quanto no sentido geométrico – certa cor, certa distância etc. Esse conjunto, pois, é o que se chama de “Forma”. FORMAL – em sentido vulgar é sinônimo de cerimonioso, ou significa uma preocupação excessiva com os aspectos exteriores; ou é aquilo que tem um caráter, uma característica, abstrata desassociada do Real ou da Realidade. Também pode ser aquilo que é apresentado de modo explicito e categórico. É um qualificativo que se aplica para designar processos e ações que atendem às exigências do formato, do aspecto exterior, superficial. Assim, diz-se “Verdade Formal” que é aquela que segue as regras da Lógica (os pensamentos corretamente organizados); ou que certa Moral é Formal, quando considera apenas a Forma ou o Formato das atitudes, sem se preocupar com as conseqüências de sua realização. Hegel opôs com freqüência os termos “Formais” x “Substancial, ou Essencial”. Para ele, nas relações sociais, por exemplo, a família seria “Substancial (porque em tese é de extrema importância)” e Natural, enquanto que as relações entre os indivíduos de uma Sociedade são apenas “Formais”; isto é, importantes, mas não imprescindíveis. Disso tudo se depreende que “FORMALISMO” é a atenção exagerada com os detalhes da Forma (ou aparência externa). É um comportamento que tem origem num certo tipo de Pensamento Mecânico, incapaz de perceber que a maior importância está no conteúdo e não na Forma, ou aparência. Por outro lado, o valor Moral de uma ação não depende daquilo que realmente é feito, mas sim da intenção que se teve para realizá-lo. Ou seja, valiosa é Forma, a disposição e a maneira como a boa ação foi praticada. Em Matemática é chamada de Formalismo a tese de que as “Verdades Matemáticas” são apenas Formais, baseadas apenas em convenções humanas. Em Estética a qualificação volta a apresentar certo grau pejorativo, pois é a Doutrina que confere excessiva e nem sempre justa, importância à Forma, ao Formato, em detrimento do conteúdo.
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 5437 reads
other contents of fabiovillela
| Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío |
Idioma | |
|---|---|---|---|---|---|---|
| Prosas/Otros | Voltaire e o Iluminismo francês - Parte V - Cândido (o Otimismo) | 0 | 6.010 | 09/20/2014 - 21:37 | Portuguese | |
| Poesia/Amor | Poema do amor exagerado | 0 | 3.589 | 09/18/2014 - 01:20 | Portuguese | |
| Prosas/Otros | Voltaire e o Iluminismo francês - Parte IV - Ensaio sobre os Costumes | 0 | 5.815 | 09/15/2014 - 14:15 | Portuguese | |
| Poesia/Amor | Reflexos | 0 | 1.639 | 09/14/2014 - 15:56 | Portuguese | |
| Prosas/Otros | Voltaire e o Iluminismo francês - Parte III - Carta sobre os Ingleses | 0 | 6.437 | 09/12/2014 - 14:58 | Portuguese | |
| Poesia/Amor | Amanhecer | 0 | 3.864 | 09/11/2014 - 00:30 | Portuguese | |
| Poesia/General | O Passarinho | 0 | 2.150 | 09/09/2014 - 22:16 | Portuguese | |
| Poesia/Amor | Areia | 0 | 3.266 | 09/08/2014 - 13:30 | Portuguese | |
|
|
Fotos/Arte | Filósofos Modernos e Contemporâneos (Pré Lançamento) | 0 | 12.030 | 09/07/2014 - 15:54 | Portuguese |
| Poesia/General | O Dia da Independência - 7 de Setembro (republicado) | 1 | 4.320 | 09/07/2014 - 14:11 | Portuguese | |
| Prosas/Otros | Voltaire e o Iluminismo Francês - Parte II - as Obras | 0 | 5.947 | 09/06/2014 - 15:35 | Portuguese | |
|
|
Fotos/Arte | Adaptação de OS LUSÍADAS ao Português atual | 0 | 7.629 | 09/06/2014 - 00:46 | Portuguese |
|
|
Fotos/Arte | Deusas e Deuses Hindus - Resumo Sintético | 0 | 8.172 | 09/04/2014 - 23:19 | Portuguese |
|
|
Fotos/Arte | Livro Solo - Onomástico das Personagens e Lugares Bíblicos | 0 | 7.509 | 09/04/2014 - 23:06 | Portuguese |
| Poesia/Amor | O Verso | 0 | 2.857 | 09/02/2014 - 22:08 | Portuguese | |
| Prosas/Otros | Voltaire e o Iluminismo francês - Parte I - Preâmbulo e notas biográficas | 0 | 12.319 | 09/01/2014 - 20:09 | Portuguese | |
| Poesia/Amor | Odisseia | 0 | 3.349 | 08/30/2014 - 20:06 | Portuguese | |
| Poesia/General | Basta-me | 0 | 3.600 | 08/29/2014 - 22:41 | Portuguese | |
| Prosas/Otros | Spinoza e o Panteísmo - Parte XIV - Considerações Finais | 0 | 5.327 | 08/28/2014 - 21:53 | Portuguese | |
| Prosas/Otros | Spinoza e o Panteísmo - Parte XIII - O Contrato Social | 0 | 6.813 | 08/28/2014 - 18:22 | Portuguese | |
| Prosas/Otros | Spinoza e o Panteísmo - Parte XIII - O Tratado Politico | 0 | 4.809 | 08/26/2014 - 15:45 | Portuguese | |
| Poesia/Tristeza | Menino de Rua | 1 | 2.939 | 08/26/2014 - 02:39 | Portuguese | |
| Poesia/Dedicada | Mestre Vitalino | 0 | 3.852 | 08/25/2014 - 22:10 | Portuguese | |
| Prosas/Otros | Spinoza e o Panteísmo - Parte XII - A Imortalidade e a Religião | 0 | 3.722 | 08/22/2014 - 14:41 | Portuguese | |
| Prosas/Otros | Spinoza e o Panteísmo - Parte XII - A Imortalidade e a Religião | 0 | 6.967 | 08/22/2014 - 14:41 | Portuguese |






Add comment