A lenda de Enoah - capitulo 13

O fim da manhã aproximava-se velozmente de Arkham e o modo como os dois avançavam era de especial cuidado.A floresta era aos seus olhos, cada vez mais familiar e em breve, encontrariam a caravana de peregrinos e visitantes de Orgutt. para já e de modo a não serem surpreendidos, evitavam as linhas rectas e procuravam insistentemente o abrigo das árvores.
Como habitualmente Enoah tomava a dianteira, seguida de perto por Lord Percival, que fechava a retaguarda com toda a atenção.
Passaram já algumas horas desde que viram o cavalo e ainda não haviam encontrado sinal de perigo.
A floresta continuava densa e por mais que avançassem, para desespero de Percival o fim parecia ainda longinquo, quando subitamente o cavaleiro agarrou no pulso da filha da montanha:
-Caminhamos há já duas horas. Deveriamos repousar uns minutos.
-Fazei um esforço, Grande guerreiro, pois em, breve a chuva cairá.
-Chuva? Maas está um dia calmo, com sol.
-Fazei como digo!
-Tudo bem , não serei eu a dar parte fraca, mas ando com esta sensação estranha, como se me observassem.
-Sim. Tambem a sinto. Alguem nos segue ao longe. Mas não identifico quem possa ser.
-As copas das arvores não me deixam ver o sol. Achais que se aproxima a hora do Pardal?
-Provavelmente. Bem sei que não temos tempo, mas...
-Psst... - Enoah levou o indicador aos lábios aconselhando silêncio.
Sons fracos, mas presentes de passos irregulares aproximavam--se dos dois. Percival desembainhou a espada, forjada nas hábeis mãos de Samuel o Ferreiro, "Uma das mais belas espadas do reino", afiançou o ferreiro, enquanto Enoah segurou hábilmente na adaga, fechando os olhos.
Como um radar, os sons uniformes e distantes de passos apressados, mas regulares ecoavam nos seus ouvidos.Concentrando-se, sentiu a respiração ofegante, o tilintar da armadura evidenciava que não caminhavam, mas marchavam ordeiramente, o roçar das mãos no cabo da lança..
-Soldados. Não um batalhão mas perto de quatro ou cinco. Trazem lanças e possuem armadura.
-Armadura? Poderão ser os lanceiros de Pretorius. mas não faz qualquer sentido!
Os passos ficaram cada vez mais pertos, até que estacaram perto de onde os dois estavam:
-Guardai a espada, Percival.
-Mas, estais louca?
Como acto prepositado os soldados abrandaram e ficaram quase imóveis. Percival sentia a tenção de Enoah a subir, os lábios a contrairem-se, a sua forma felina a sobrepor-se à feminina.
De subito os quatro soldados, adoptaram uma posição descontraida e preparavam-se para descansar um pouco.
-São arqueiros de orgutt. Três arqueiros e um lanceiro.
-Batedores?
-Não me parece Enoah. Nem podem ser patrulha.
-Não.Nem poderão ser a patrulha , pois normalmente são guardas de espada.Infantaria ligeira ou cavalaria.
-Eles não estão á procura de ninguem, estão a caminho de Ischtfall. - Meditou Enoah
-Estranho.Serão espiões?
Atenta, Enoah ampliou o poder de audição e tentou aperceber-se do que falavam. Era um Arkhanês puro e ela não dominava bem a lingua:
-Teremos de agir já antes que se levantem.
Percival preparava-se para desembainhar a espada quando, um dos soldados da frente do curto pelotão, olhou em direcção a eles e sem pensar, Enoah saltou de adaga em punho, atingindo-o com uma hábil pericia no espaço entre o pescoºo e o inicio da armadura.
Apanhados de surpresa, os restantes soldados tentavam erguer-se , mas Percival juntou costas com ela, deslizando hábilmente a lâmiona da espada, sulcando os soldados de Orgutt.
Enoah exibia um bailado majestoso, uma harmonia pura, onde nas suas mão a adaga ganhava vida própria e quando só restava um, ela colocou-se nas costas dele, degolando-o enquanto olhava, manchada de sangue para Percival, com um olhar de malicia.
Ele olhou abismado para ela, não lhe conhecia a faceta guerreira e estes dias havia visto a verdadeira Enoah. Matara a lider da matilha, com o coração destroçado, mas desta vez exibia um ar maquiavélico e sanguinário. Percival não soube o que pensar.
Desistindo de ocultar os cadáveres, avançaram alguns metros, até que ela reparou no rasgo de sangue na perna de Percival:
-Estais ferido!
-Nada de grave, um corte apenas.
Rasgando um bocado do vestido cinzento, para usar como penso, Percival esforçava-se por ignorar a dor, quan do Enoah, aconselhou:
-Poderemos perder alguns minutos. Não podeis ser-me util nessa condição.Procuraremos um retiro, para tratarmos dessa perna.
-Enoah, não há tempo.
-O pior já la vai. Estamos perto.
-Mas vai anoitecer de novo, e não quero ficar mais nesta floresta.
-Paciência,não podemos correr o risco de isso infeccionar, ou do cheiro de sangue atrair de novo as feras.
Uns arbustos altos foi o local escoolhido por Enoah, para repousarem.
A jovem procurou umas plantas azuladas e sorrindo de satisfação aos as encontrar ali perto, aproximou-se do companheiro:
-Tirai as calças!
-Como dizeis?
-As calças.Tirai-as!
-Não me parece que...
-Ah pelos Deuses, será que eu tenho de fazer tudo?
Numa atitude decidida, Enoah, soltou o botão das calças de Percival, tirou-as e perante a incredulidade dele, retirou algumas pétalas azuis, e prontamente levou-as á boca, mastigando-as como se fosse um animal ruminante:
-Que fazeis, pelos Deuses?
-As alzeras são plantas medicinais, que usamos nas montanhas em caso de ferida exposta.. Acreditai que a minha saliva ajudará!
Antes que ele pudesse emitir qualquer juizo de valor, ela colocou dócilmente o preparado na ferida e vendo-o tão desconcertado, beijou-o dócilmente, num turbilhão de paixão e desejo:
-Esperai uns minutos, será o suficiente!
-Acredito em vós. Gostei do sabor de Alzeras na vossa boca.
A jovem riu e de seguida, apertou com toda a força a ferida, motivando um grito de dor, que ecoou e se perdeu nas copas das árvores.
-Grande Guerreiro, em breve estarás bom.
-Isto era escusado!
Enoah, fitou deliciada o membro que lhe crescia e ganhava uma forma assustadoramente fálica, proferindo com malicia :
-Vêde que todo o vosso corpo reage!
Envergonhado Percival cerrou os olhos e aguardou que a dor e prazer abrandasse, inconscientemente deliciado por se sentir " admirado" em toda a sua virtude pela filha da montanha
Perderam apenas uma hora, até que Percival se encontrou em condições para prosseguir viagem.
Desta vez num ritmo mais calmo, e perto do cair do fim da tarde, alcançaras as zonas limítrofes da floresta.
Contudo Enoah continuava sempre com a sensação de que eram seguidos à distância, mas o que a preocupava verdadeiramente era aperceber-se que o coxear de Percival não desaparecia.
Orgutt era conhecido pelas suas famosas torres de vigia, pouco antes dos campos de cultivo.
Era certo que ela conseguiria facilmente fazer-se passar por Camponesa, mas Percival seria dificilmente confundido com um.
Precisava de um estratagema para entrar, nem lhe valendo o facto de poder ficar ficar invisivel. pois Percival ficaria sempre visivel.
Outro factor a ter em conta era o possivel envio de mais soldados, que dariam com os corpos dos já falecidos e fariam soar o alarme.
Na ultima pausa desse dia, comendo à pressa uma das suas sandes de folhas de videira, Enoah dirigiu-se para a estrada, na ânsia de encontrar um modo de evitar as torres.
Percival jamais conseguiria passar por elas coxo.
Por sua vez Lord Percival, começava a entender o pensamento da sua companheira e amaldiçoava-se por ter sido ferido. Odiava ser um fardo e pior, ultrapassado na arte da batalha por uma camponesa.
Faltava dia e meio para chegarem a Orkutt e para já , estavam dentro do tempo. Se pelo menos anoitecesse depois de sairem da maldita floresta.

--------FIM capitulo 13

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Lunes, Mayo 24, 2010 - 10:36

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Re: A lenda de Enoah - capitulo 13

Hummmmm paixão com aroma e frecura das "Alzeras", tb é interessante conhecer a faceta sanguinária de Enoah, qd mata sem piedade...
O tempo urge, chegarão os nossos herois ao seu destino antes q escureça, q novos perigos se escondem na noite temida, na floresta de Arkhan?
Estava a ver q nos tinhas deixado a pão e agua meu querido trovador!
beijinho em ti! ;)
Inês

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