A Lenda de Enoah - "A morte de Gambinus"

A encosta ìngreme do acesso directo à montanha, não demoveu Gambinus, que sorrindo sempre enérgicamente, gritava palavras de ordem como, " Avante", "Rápido antes que a noite nos cubra"," A glória espera-nos".
Contudo o acesso era acidentado e as chances dos cavalos serem bem sucedidas eram diminutas.
Rockentot,Um dos homens da frente, apercebendo-se de tal, inquiriu o padre convertido a general:
-Meu senhor, deviamos descer das montadas. Não só somos alvo facil perante o inimigo, como atrasamos os nossos intentos.
-Homem de pouca fé! Achais que o povo da montanha tem pontaria ou flechas? Quando muito umas fisgas e umas pedritas. Recorde-se que eu trago a boa sorte dos Deuses.
-Perdão, meu senhor. Não questionava a vossa competência na arte militar!
-Nem podeis. Porque eu posso parecer aos vossos olhos um padre, mas acreditai que o sangue da Guerra corre em mim.
-Seja como dizeis! - E levantando a voz, o soldado mandou apressar o passo.
No cimo da encosta, pouco antes da grande curva que conduzia às minas de carvão, alguns habitantes da montanha assistiam, encobertos pelos recortes graníticos, e ocultos na vegetção á aproximação do pequeno exército do padre:
-Que diabo fazem eles?
-Não sei meu caro. Dir-se-ia que nos vem atacar.
-Atacar? Com aquilo?
-Efectivamente os outros eram mais apetrechados.
-Mas o estandarte é diferente...
-Achais que possam ser de Ischtfall?
O corpulento sujeito sorriu de escárnio:
-Sem duvida. Reconheço o brazão.Será que o louco do rei achou que nos derrotaria com isto?
Numa risada suave e em baixo tom, os homens continuaram a olhar supresos:
O cavalo de Gambinus parecia cada vez mais renitente e a meio do caminho estacou:
-Mas que raio deu neste cavalo idiota?
Abafando o sorriso, o seu braço direito explicou:
-Eu vos avisei! O cavalo apercebeu-se do desfiladeiro e teme a subida.
Fingindo não ter ouvido, o padre, virou-se para a pequena coluna militar, ordenando:
-Deixai os cavalos! Seguimos a pé de espadas em riste. Já falta pouco.
Os poucos camponeses subitamente convertidos em militares, consultaram os céus, tendo um questionado:
-Senhor, principia a escurecer. Não seria melhor acampar?
-Acampar? - Inquiriu Gambinus já nervoso.
-Sim, senhor. Não conhecemos a montanha e ...
-Basta! Será que só tenho covardes no meu batalhão? Antes de anoitecer estaremos de regresso, asseguro-vos. Agora marchemos!
No alto da montanha, os tres homens divertidos com o que viam,aguardavam que os seus colegas arqueiros se preparassem e assim que cada um ocupou o seu lugar, Grundaar o responsável pela tribo da montanha, acenou com a mão.
Na cauda da coluna militar o diálogo escorria suavemente , em voz baixa:
-Ele fala como se fossemos atacar alguem. Não nos foi dito que era apenas uma manoba militar?
-Sim. Treino disseram. Algo fácil, segundo o rei
-Pois então, porque berra ele?
-Deve ser para criar ambiente.
-Mas não devia ser um general a comandar?
-Não sei, é a primeira vez que me meto nisto
Subitamente, uma chuva de flechas rasgou os céus, e ao entardecer, homens sem experiência eram abatidos fácilmente.
Colhido de surpresa, pela reacção, Gambinus petrificado de terror, ordenou:
-Avante, não podemos recuar agora.
O panico instalado na coluna militar, gerou uma imensa confusão, com homens a fugir desalmadamente encosta abaixo e outros a tentarem esconder-se das flechas assasinas.
-Que fazeis? Voltai, eu sou vosso comandante. Não vos deixais intimidar os Deuses...
Saindo dos seus esconderijos, a infantaria da montanha, munida de machados e lanças avançou sobre a frente da coluna.
Com golpes perfeitos, rápidos e mortais, os homens de Ischtfall iam tombando e vendo-se sem saida, Gambinus que nunca usara uma espada, ergueu-a ao alto na direcção do pesado homem de machado e tentou sulcar-lhe a garganta.
Este limitou-se a desviar e quando se preparava para dar o golpe final, a espada de Rockentot,atingiu-o em cheio no coração.
Vendo-se bafejado pela sorte dos Deuses, Gambinus virou costas ao seu salvador que era já atingido pelas flechas da montanha e rapidamente o padre fugiu em direcção ao cavalo.
Assegurando-se que escapara incógnito, montou o seu cavalo branco e virando-o na direcção oposta á da montanha, preparava-se para estalar o chicote no animal, quando uma flecha o atingiu num ombro. Segurando-se em cima da montada e conservando a sua postura após o cavalo ter levantado as duas patas dianteiras, Gambinus olhou para trás, no exacto momento em que uma segunda flecha o atingiu na perna.
Num gemido de dor, o padre deu ordem ao cavalo que se recusava a descer a montanha:
-Vamos, cavalo estupido, não zombais vós de mim ...
Uma terceira flecha cravou-lhe no outro ombro e só então, ele tombou da montada.
Vendo-se sozinho e em perigo o cavalo ganhou coragem e partiu encosta abaixo, levando consigo, com o pé preso no estribo da sela, arrastando o corpo ferido de Gambinus pelo solo, até que uma ultima flecha, o atingiu como se de uma despedida se trata-se, na testa!
Caiu a noite pesadamente em Ischtfall quando o cavalo de Gambinus, o unico que sobrevivera á resistencia do povo da montanha, entrava nos portões , carregando consigo o cadáver de Gambinus, perfeitamente irreconhecivel.
Ao vê-lo derrotado e morto o povo chorou.
Os Deuses haviam abandonado Ischtfall e Leopoldo II à sua sorte!

www.mefistus.skyrock.com

Submited by

Jueves, Julio 1, 2010 - 10:28

Prosas :

Sin votos aún

Mefistus

Imagen de Mefistus
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 4 años 22 semanas
Integró: 03/07/2008
Posts:
Points: 3000

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Mefistus

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Desilusión Cinzento como o tempo 9 1.333 02/05/2010 - 13:00 Portuguese
Poesia/Tristeza Olha.... 10 1.034 02/04/2010 - 23:14 Portuguese
Poesia/Fantasía O puto que não queria nadar- Dedicado a MariaCarla 7 960 02/02/2010 - 02:06 Portuguese
Poesia/General Conta-me como Foi 5 1.994 02/02/2010 - 01:57 Portuguese
Poesia/Intervención A Morte de Jota 15 1.383 01/31/2010 - 17:35 Portuguese
Poesia/Fantasía Terra à Vista! 16 1.606 01/29/2010 - 23:14 Portuguese
Poesia/General Na tua boca jaz o instinto 7 1.159 01/29/2010 - 20:01 Portuguese
Poesia/Desilusión Janeiro 8 1.167 01/29/2010 - 11:28 Portuguese
Poesia/Dedicada Casanova 6 1.788 01/29/2010 - 00:06 Portuguese
Poesia/Meditación Os anos já passados 5 981 01/25/2010 - 14:09 Portuguese
Poesia/Desilusión Madalena arrependida 11 1.301 01/24/2010 - 20:37 Portuguese
Poesia/Gótico Caveiras e Cristais 8 1.043 01/21/2010 - 22:27 Portuguese
Poesia/Dedicada Casablanca 5 1.994 01/21/2010 - 17:40 Portuguese
Poesia/Dedicada A vida é uma eterna poesia 9 920 01/19/2010 - 21:18 Portuguese
Poesia/Erótico Suavemente 15 1.821 01/19/2010 - 17:43 Portuguese
Poesia/Dedicada Obrigado! 5 1.013 01/19/2010 - 01:12 Portuguese
Poesia/Fantasía História simples 7 968 01/18/2010 - 16:39 Portuguese
Poesia/Aforismo Inacabado 7 900 01/15/2010 - 23:59 Portuguese
Poesia/Meditación Domingo... 5 1.459 01/15/2010 - 22:03 Portuguese
Poesia/Comedia Me visite!! 8 1.611 01/15/2010 - 15:46 Portuguese
Poesia/Intervención Momentos (2) 9 1.260 01/15/2010 - 15:43 Portuguese
Poesia/Meditación Momentos 11 1.349 01/15/2010 - 15:37 Portuguese
Prosas/Contos Crónicas de Mauro - Fritz investiga 3 1.934 01/14/2010 - 23:30 Portuguese
Poesia/Fantasía Mundo de Açucar 9 1.485 01/06/2010 - 15:27 Portuguese
Poesia/Desilusión Amiga... 7 1.242 01/05/2010 - 21:10 Portuguese