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Momentos (2)

Olá, desculpe incomodar
Mas o Povo recusa acordar
E eu que só quero audiência
Para agora me matar!

Eu explico, meu nome é Jota
Na verdade, não é um nome
è apenas uma leve alcunha
Que toda a malta gosta

Eu explico enquanto ponho balas
na pistola de aço brilhante
garanto que vai ser sem falas
uma sombra de um instante

Uma, duas, três balas no Tambor
uma bastava, mas gosto em grande
Onde ia? Ah sim, por favor
Escute, seja meu confidente

A sorte, foi-me madrasta
tive fortuna, nunca gasta
em Banco metida, colhida
Mas BPN essa ferida, fudida.

Faliu, ouvi dizer
E o bebé quando nascer?
E o dinheiro, as fraldas
quem me levou as esmeraldas?

Entende, perdi tudo para eles
eu que era ladrão, Um cidadão
E quem deu o golpe, eles!
Não me sobrou nem um tostão

Quatro, cinco, seis balas...cheio
Mas querida amiga, que agora vejo
O banco perdeu o dinheiro
Da minha casa voou o recheio

Jota, querido e o Futuro?
e as nossas poupanças?
Claro que lhe dei um murro
eu...perdi as esperanças

Bem, caro/a amiga vai ser agora
sou velho demais para recomeçar
O tribunal despejou-nos sem demora
Não vou ralhar, vou-me matar!

Chega, não dá mais, esta loucura
Este momento de tortura
Claro qe me vai dizer
ñão faça isso, é tão bom viver!

Mas será mesmo que vale a pena
Viver em miséria plena?
Eu que sempre fui poupado
sou dos sonhos furtado?

Não, não insista, estou decidido
o bebé vai nascer, sem merecer
esta miséria de pai fudido
Sem honra ou dinheiro, para ter

Mas ..o que diz?
que pode sair a mim, o petiz?
Você acha? Que vai ser lutador
Mesmo nascido em miséria, ser doutor?

Levanto a pistola enquanto fala
Solto o travão, abro a janela
Mas que é que você fala?
Que sou amado por ela, Pela Manela?

Depois de tudo o que lhe fiz.
Depois de confiar no banqueiro
Amo-te é o que ela diz?
então que se dane o dinheiro.

sim, tem razão, confidente
não vou ceder a essa gente
Sou o Jota, Ladrão sorridente
Vou voltar a poupar

Para o bebé, voar
ser engenheiro,doutor
Comprar um barco a motor
Já estou a imaginar

Foi uma fraqueza minha
amiga/o, me perdoe,
não liga, vou parar
e você, já pode ir trabalhar!

Submited by

terça-feira, janeiro 12, 2010 - 15:59

Poesia :

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Mefistus

imagem de Mefistus
Offline
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Comentários

imagem de leticia

Re: Momentos (2)

me agrada muito essa confissão-conversa... reflexão inversa...talvez.
ótimas palavras.
no meu ele morreria mesmo..
uma dundum talvez.
só para causar impacto.
hahaha
abraços!!!
Lê!

imagem de MarneDulinski

Re: Momentos (2)

Foi uma fraqueza minha
amiga/o, me perdoe,
não liga, vou parar
e você, já pode ir trabalhar!

GOSTEI NO TODO, QUANTAS SITUAÇÕES REAIS NÃO ACONTECEM IGUAIS AO SEU BELO TEXTO!

Meus parabéns,
Marne

imagem de cecilia

Re: Momentos (2)

Mefistus,

Quando pensei que acabara o primeiro ato em explendido final, surpreendentemente começa o segundo ato e com rostos de preocupação misturado com o misterio da não morte de Jota, e lá vem o final arrebatando o que já era simples atenção.

Bravo,
Cecilia Iacona

imagem de ana_e

Re: Momentos (2)

AHAH!! Muito bom, a comedia e a tragedia aliadas na realidade.A unica e bem explicita verdade.

Parabéns!

imagem de Dianinha

Re: Momentos (2)

Bem, mas que história...
Fez-me lembrar aquela conversa que tivemos, que me contas-te que o outro se atirou pela janela por problemas financeiros...

Infelizmente é uma realidade cada vez mais real, por acaso este da tua historia não concretizou mesmo o acto, mas poderia acontecer!

Gostei muito...
Parabéns!

Beijnho com carinho...

imagem de ricardopacheco

Re: Momentos (2)

fantastico. voçê é genial
parabéns

imagem de FlaviaAssaife

Re: Momentos (2)

Mefistus,

Novamente, repito: você nos faz entrar no enredo e não sair até que o final seja desvendado. Poesia com história. História com poesia... Lindo!

Bj

imagem de Betofelix

Re: Momentos (2)

Incrível!

Como já disse, está apto para transformas essas poesias em histórias.
O enredo vai da impossibilidade a esperança. Em verdade vejo uma metáfora pra nossas vidas, pois viver é sempre a melhor decisão.
O ouvinte do Jota poderia ser um psicólogo, um amigo ou até mesmo o espelho, ele só precisa refletir um pouco para mudar sua decisão, creio eu.
Nesta metáfora, todos dias nos encontramos assim, de arma em punho sacrificando nossas vidas com decisões precipitadas, que poderiam ser mudadas, como a do Jota.

Obrigado.

imagem de RobertoEstevesdaFonseca

Re: Momentos (2)

Belo, crítico e divertido poema.

Parabéns,
um abraço,
REF

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