Rapoesia do Marginal

Quando o som vem revelando-se concreto,
Como sempre inclina-se meu tímido farelo.
Deixo ao lado o sujo cobertor;
Entrego-me ao sonho-filme de terror.
Nas calçadas já existe o real do movimento;
Meu corpo treme, nada mais que o frio vento.
A barriga, igual o ontem, ficará vazia.
(Isso era simples, muito não me afligia).
Ao lado, o shopping veste a forma do futurismo
E o capital movimenta o nosso egoísmo.
Sujo, rasgado e do lado de fora
Peço uns trocados, quero a minha esmola.
Valeu! “brigado”! Deus que pague!
Nossa relação não é sacanagem!
Ando pelas ruas sem rumo certo,
Já acostumei-me com a violência por perto.
O ponto está cheio, minha camisa manchada,
As pessoas parecem entender minha desgraça.
Numa padaria ganho uma rosca.
Legal! veio de brinde uma mosca.
Atravesso as ruas: será ilusão?
Os carros querem ver-me no chão.
Em frente um camelô discute com a polícia,
Uma relação cheia de malícia,
Até que o cassetete levanta a sua voz.
As águas do rio chegam a sua foz.
Às filas de banco não tenho acesso,
Não sou capitalista. Um mendigo esperto.
Os correios pra mim não têm utilidade.
Não sei escrever. E pra qual localidade?
A barriga vazia novamente ronca,
Demorou anoitecer, quero dar uma bronca.
A promessa era sempre trazer a sopa,
Quem sabe tenho sorte e ainda ganho outra mosca!
Sei que assunto de mosca está repetido.
Vê lá se entende: abstrações de um mendigo.
Alguma esquina surpreende-me com ameaça,
Às vezes tenho o socorro da garrafa de cachaça.
Nas madrugadas vejo fotografias no céu.
Não sou exigente! são imagens ao léu.
Nada de sofrimento em cor;
Minha vida: pinturas além de dor.
Sou o espelho natural da rua,
Vivo na pureza da clareza crua.

Submited by

Martes, Marzo 30, 2010 - 14:05

Ministério da Poesia :

Sin votos aún

BrenoCastilho

Imagen de BrenoCastilho
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 13 años 44 semanas
Integró: 03/30/2010
Posts:
Points: 116

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of BrenoCastilho

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Ministério da Poesia/Pasión SENSAÇÕES DO BEIJO BÊBADO 0 1.401 11/19/2010 - 18:30 Portuguese
Ministério da Poesia/Amistad AO TEATRO 0 1.258 11/19/2010 - 18:30 Portuguese
Ministério da Poesia/General OLHANDO A RUA 0 1.292 11/19/2010 - 18:30 Portuguese
Ministério da Poesia/Fantasía O ÉTER E A POESIA 0 1.274 11/19/2010 - 18:30 Portuguese
Ministério da Poesia/Erótico A MULHER DO 407 0 1.209 11/19/2010 - 18:30 Portuguese
Ministério da Poesia/Amor ELISANDRA 0 1.335 11/19/2010 - 18:28 Portuguese
Ministério da Poesia/General FALTA 0 1.180 11/19/2010 - 18:28 Portuguese
Ministério da Poesia/Tristeza LÁGRIMA 0 1.330 11/19/2010 - 18:28 Portuguese
Ministério da Poesia/Tristeza MUITA PRESSA 0 1.256 11/19/2010 - 18:28 Portuguese
Ministério da Poesia/General LUGARES 0 1.256 11/19/2010 - 18:28 Portuguese
Ministério da Poesia/General COTIDIANO 0 1.198 11/19/2010 - 18:28 Portuguese
Ministério da Poesia/General NO PARQUE 0 1.228 11/19/2010 - 18:28 Portuguese
Ministério da Poesia/Meditación DESCONEXO 0 1.261 11/19/2010 - 18:28 Portuguese
Ministério da Poesia/Amor MADRUGADA 0 1.131 11/19/2010 - 18:28 Portuguese
Ministério da Poesia/Tristeza VELÓRIO 0 1.125 11/19/2010 - 18:28 Portuguese
Ministério da Poesia/Meditación AO MESMO LUGAR 0 1.138 11/19/2010 - 18:28 Portuguese
Ministério da Poesia/Pasión ACASO 0 1.327 11/19/2010 - 18:27 Portuguese
Ministério da Poesia/Fantasía LUA 0 1.409 11/19/2010 - 18:27 Portuguese
Ministério da Poesia/Erótico CAPITULAR 0 1.397 11/19/2010 - 18:27 Portuguese
Ministério da Poesia/Erótico CIDADE 0 1.414 11/19/2010 - 18:27 Portuguese
Ministério da Poesia/Desilusión O POETA APARENTE 0 1.317 11/19/2010 - 18:27 Portuguese
Ministério da Poesia/General UMA FOTOGRAFIA 0 1.085 11/19/2010 - 18:27 Portuguese
Ministério da Poesia/Amor O FIM 0 1.353 11/19/2010 - 18:27 Portuguese
Ministério da Poesia/Tristeza O CHAT 0 1.279 11/19/2010 - 18:27 Portuguese
Ministério da Poesia/General Rapoesia do Marginal 0 1.213 11/19/2010 - 18:27 Portuguese