Impressão digital
Acordo todos os dias
Com a impressão
Que estou a mais no mundo.
Maldita a hora em que
Comecei a inalar essa substância
A que chamam oxigénio.
As razões do meu nascimento
São uma incógnita, até mesmo
Para Deus.
Sinto-me mais inútil do
Que o uma pedra que não respira
Não come, não se mexe, não fala,
Não dorme, não acorda, não ama,
Não ajuda e não é ajudada…
Sinto-me acompanhado
Como um grão de areia no deserto
Pois ninguém conversa e mesmo
Que conversassem apenas perguntas
Fariam.
Sinto-me frustrado pois são todos
Diferentes de mim, todos dizem saber
O que fazem neste mundo,
Todos sabem os seus sonhos e
Quais os que são possíveis de concretizar.
Prefiro um pesadelo a um sonho
Pois está mais próximo da realidade.
Realidade essa que desconheço.
Não sei ao certo se estou
Mais longe de mim ou dos outros.
Nasci e cresci, ponto final.
Nada trouxe ao mundo
E o mundo nada me trouxe.
Talvez apenas um pouco de desilusão.
Não que estivesse à espera de algo
Só não estava à espera disto.
Acho que não passo
De uma cara sem razão de alma
Num bilhete de identidade
Sem impressão digital.
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Ministério da Poesia :
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