Pois é, pra que? (Sidney Miller, interpretada pelo MPB4)

Pois é, pra que?

(Sidney Miller)

O automóvel corre
A lembrança morre
O suor escorre
E molha a calçada
A verdade na rua
A verdade no povo
A mulher toda nua
Mas nada de novo
A revolta latente
Que ninguém vê
E nem sabe se sente
Pois é, prá que?

O imposto, a conta
O bazar barato
O relógio aponta
O momento exato
Da morte incerta
A gravata enforca
O sapato aperta
O país exporta
E na minha porta
Ninguém quer ver
Uma sombra morta
Pois é, prá que?

Que rapaz é esse?
Que estranho canto
Seu rosto é santo
Seu canto é tudo
Saiu do nada
Da dor fingida
Desceu a estrada
Subiu na vida
A menina aflita
Ele não quer ver
A guitarra excita
Pois é, prá que?

A fome, a doença
O esporte, a gincana
A praia compensa
O trabalho a semana
O chopp, o cinema
O amor que atenua
Um tiro no peito
O sangue na rua
A fome, a doença
Não sei mais porque
Que noite, que lua
Meu bem, prá que?

O patrão sustenta
O café, o almoço
O jornal comenta
Um rapaz tão moço
O calor aumenta
A família cresce
O cientista inventa
Uma flor que parece
A razão mais segura
Prá ninguém saber
De outra flor
Que tortura...

No fim do mundo
Tem um tesouro
Quem for primeiro
Carrega o ouro
A vida passa no meu cigarro
Quem tem mais pressa
Que arranje um carro
Prá andar ligeiro
Sem ter porque
Sem ter prá onde
Pois é, prá que?
Pois é, prá que?
Pois é!

automóvel corre
A lembrança morre
O suor escorre
E molha a calçada
A verdade na rua
A verdade no povo
A mulher toda nua
Mas nada de novo
A revolta latente
Que ninguém vê
E nem sabe se sente
Pois é, prá que?

O imposto, a conta
O bazar barato
O relógio aponta
O momento exato
Da morte incerta
A gravata enforca
O sapato aperta
O país exporta
E na minha porta
Ninguém quer ver
Uma sombra morta
Pois é, prá que?

Que rapaz é esse?
Que estranho canto
Seu rosto é santo
Seu canto é tudo
Saiu do nada
Da dor fingida
Desceu a estrada
Subiu na vida
A menina aflita
Ele não quer ver
A guitarra excita
Pois é, prá que?

A fome, a doença
O esporte, a gincana
A praia compensa
O trabalho a semana
O chopp, o cinema
O amor que atenua
Um tiro no peito
O sangue na rua
A fome, a doença
Não sei mais porque
Que noite, que lua
Meu bem, prá que?

O patrão sustenta
O café, o almoço
O jornal comenta
Um rapaz tão moço
O calor aumenta
A família cresce
O cientista inventa
Uma flor que parece
A razão mais segura
Prá ninguém saber
De outra flor
Que tortura...

No fim do mundo
Tem um tesouro
Quem for primeiro
Carrega o ouro
A vida passa no meu cigarro
Quem tem mais pressa
Que arranje um carro
Prá andar ligeiro
Sem ter porque
Sem ter prá onde
Pois é, prá que?
Pois é, prá que?
Pois é!

 

Sidney Miller, grande músico e compositor brasileiro (1945-1980), morreu precocemente de forma trágica, deixando uma bela obra. Participou de diversos festivais de música naquela década, classificando algumas canções e obtendo prêmio de melhor letra em 1967, no festival da Record, com "A Estrada e o Violeiro", com esta música que foi interpretada pela inesquecível Nara Leão e pelo próprio. Quando morreu, trabalhava na Funarte RJ, no departamento de projetos especiais. A sala em que trabalhava ganhou o seu nome.

Esta é uma outra canção feito um hino da realidade: Pois é, pra que? interpretada magistralmente pelo conjunto MPB4.

Submited by

Lunes, Diciembre 27, 2010 - 16:14

Videos :

Sin votos aún

AjAraujo

Imagen de AjAraujo
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 5 años 47 semanas
Integró: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of AjAraujo

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Poetrix Poemas - de "Magma" (Guimarães Rosa) 2 23.306 06/11/2019 - 10:48 Portuguese
Videos/Musica Ave Maria - Schubert (Andre Rieu & Mirusia Louwerse) 1 44.626 06/11/2019 - 10:02 Inglés
Poesia/Fantasía Cabelos de fogo 0 4.119 04/28/2018 - 20:38 Portuguese
Poesia/Dedicada A criança dentro de ti 0 2.967 04/28/2018 - 20:20 Portuguese
Poesia/Pensamientos O porto espiritual 0 3.922 04/28/2018 - 20:00 Portuguese
Poesia/Dedicada Ano Novo (Ferreira Gullar) 1 3.120 02/20/2018 - 18:17 Portuguese
Prosas/Drama Os ninguéns (Eduardo Galeano) 0 3.774 12/31/2017 - 18:09 Portuguese
Poesia/Dedicada Passagem de ano (Carlos Drummond de Andrade) 0 4.439 12/31/2017 - 17:59 Portuguese
Prosas/Contos Um conto de dor e neve (AjAraujo) 0 5.419 12/20/2016 - 10:42 Portuguese
Prosas/Contos Conto de Natal (Rubem Braga) 0 5.072 12/20/2016 - 10:28 Portuguese
Prosas/Contos A mensagem na garrafa - conto de Natal (AjAraujo) 0 6.054 12/04/2016 - 12:46 Portuguese
Poesia/Intervención Educar não é... castigar (AjAraujo) 0 3.228 07/07/2016 - 23:54 Portuguese
Poesia/Intervención Dois Anjos (Gabriela Mistral) 0 5.903 08/04/2015 - 22:50 Portuguese
Poesia/Dedicada Fonte (Gabriela Mistral) 0 4.083 08/04/2015 - 21:58 Portuguese
Poesia/Meditación O Hino Cotidiano (Gabriela Mistral) 0 4.895 08/04/2015 - 21:52 Portuguese
Poesia/Pensamientos As portas não são obstáculos, mas diferentes passagens (Içami Tiba) 0 4.867 08/02/2015 - 22:48 Portuguese
Poesia/Dedicada Pétalas sobre o ataúde - a história de Pâmela (microconto) 0 5.977 03/30/2015 - 10:56 Portuguese
Poesia/Dedicada Ode para a rendição de uma infância perdida 0 5.661 03/30/2015 - 10:45 Portuguese
Poesia/Tristeza Entre luzes e penumbras 0 4.185 03/30/2015 - 10:39 Portuguese
Poesia/Tristeza No desfiladeiro 1 6.336 07/25/2014 - 23:09 Portuguese
Poesia/Intervención Sinais da história 0 4.172 07/16/2014 - 23:54 Portuguese
Poesia/Fantasía E você ainda acha pouco? 0 5.172 07/16/2014 - 23:51 Portuguese
Poesia/Aforismo Descanso eterno 2 5.593 07/03/2014 - 21:28 Portuguese
Poesia/Intervención Paisagem (Charles Baudelaire) 0 5.355 07/03/2014 - 02:16 Portuguese
Poesia/Meditación Elevação (Charles Baudelaire) 0 5.233 07/03/2014 - 02:05 Portuguese