A MORTE DE MÃOS ATADAS AO GRITO

Diante a morte,
os momentos são desengomados
por respirações de mãos atadas ao grito.

Um grito abscôndito sob a carne
num silêncio que só a alma escuta.

Chorar torna-se verbo calar.

O adeus
é um morro de lápides
inscritas com lembranças
que tornam quem parte apenas adormecido.

Uma quase mentira
qual canteiro de flores sejam de plástico.

A despedida diante a morte,
é um resmungo de infelicidade eterna.

Um sol sofrido no olhar,
uma tristeza que por nós desce
em lágrimas de passo cansado.

Lágrimas
que tremeluzem fronteiras
cuja cerca é de sete palmos de terra.

Palmos que não medem
a distância entre a vida e a morte,
apenas pesam aos olhos a saudade.

Uma saudade cujo infinito
é um segundo até ao fim dos tempos.

É uma distância por aí escondida,
um tecto de raiva em pensamento escasso
que só a consciência trespassa.

A morte é um poema
de almas à espreita num jardim desconhecido.

É uma canção de sombras
cuja música é um coro de gotas
de chuva suave sobre uma janela.

Uma janela com vista
sobre toda a vida passada
que agora se encerra em quatro tábuas.
 

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Domingo, Enero 9, 2011 - 16:39

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Henrique

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