SILÊNCIOS SÃO REMOS DO RUMO A REMAR

Sinto-me chegar tarde,

refém de um tempo que não pertence à minha passagem

pelos quarteirões desta dimensão mortal.

Sobrevivente a ricochetes de liberdade tão ruim de alcançar.

Sou barco frágil neste tsunami de emoções

que em mim espoletam intrigas.

As belas adormeceram na minha obsessão de me encontrar

por detrás de uma máscara que anseia os anteontem.

As princesas continuam reclusas num qualquer castelo de timidez.

Castelos guardados por dragões soltos da minha voz em adágio de infinito.

O meu meio-dia é uma dubiedade entre poesia e loucura,

ora sou poeta, ora sou louco, ora sou ambos.

Ora sou nada.

A minha meia-noite é uma espada samurai de corpos nus.

Corpos intranquilos, despovoados de acreditar.

Silêncios são remos usados por mãos sem culpa

contra as correntes.

Rio sem rires onde as margens têm linguagem corporal.

Rio que do seu fundo gesticulam palavras

entoando cânticos de vento praxando o rumo a remar.

A distância é uma baía de escolhas onde a asneira não importa

até que a idade não perdoe.

Viver é um estilo de mar, as marés enchem e vazam,

os cardumes movimentam-se, os horizontes chamam-nos de sol.

Não estar à proa dos sentimentos é estar cego,

sem içar as velas ao vento a bússola cala-se,

o pensamento tomba numa névoa de desnorte.

Nem sempre o mesmo ego vem na crista da mesma onda.
 

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Domingo, Enero 16, 2011 - 23:47

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Henrique

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"A distância é uma baía de

"A distância é uma baía de escolhas onde a asneira não importa

até que a idade não perdoe."

 

"Viver é um estilo de mar"

 

As suas palavras reflectem a serenidade de quem tem sabedoria... a sabedoria e a sensatez da vida...

 

É com pessoas assim, que nos ensinam. que com os anos vamos ficando mais sábios que deviamos ter aulas de formação cívica!

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