ALMA SÓ NUM POEMA MORTO

Sou alma só,
corpo provisório, improvisado.

Que a morte condescenda gradual fúria.

Sujeito de nada, sujo de tudo.

Horizontes
episódicos a meu lado,
fechados portos de abrigo persuadidos,
além mim outros seres ardidos tagarelam profundos.

Emoção imunda,
vagabunda euforia dorme no que sinto.

De mim para mim a dor,
o fim extraído de um papel senão.

Quadro de um tanto,
efervescido buraco incontido
onde tudo é salgado de grandeza,
marés tolas me enrolam cor sofrimento.

Tintas recitadas infinito,
nocivo acredito num espelho que rói os olhos.

Embarco em sandálias aviltadas,
flores mal amadas mancham salivantes a idade.

Colinas sãs,
pontos ondulantes trepam sombras opacas.

Lentes diamante
me desbotam gelo estampado
na frente do arrependimento gabado em choro.

Sensível sede,
negro ralho me espalho em palhas recônditas.

Furos na voz jorram
refúgios esguichados em estrelas nuas,
minhas mãos derramam damas jurando luas.

Por fim,
enfim é uma rua limão,
ácido acampado na noite,
um serão de coração em contramão.

Enfim subterfúgio, eu.

Fobia quarentena num poema morto.
 

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Martes, Enero 18, 2011 - 02:18

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Henrique

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