SERIAM TOLOS OS MEUS OLHOS SE NÃO TE DESCOBRISSEM
Seriam tolos os meus olhos
se não te descobrissem quando me olhas.
O meu olhar seria distância cega
cuja cegueira fosse um oásis de orlas estonteadas.
Tudo quanto veria seria um fundo de mar
cuja profundeza fosse uma árvore
sem folhas na borrasca de Outono.
Seriam tolos os meus olhos
se não sentissem o tocar do olhar.
Seria gaga a minha voz
se os meus poemas não te falassem de amor.
O meu eco seria um vácuo
de palavras insípidas cujas letras fossem telas abstractas.
Tudo quanto pronunciaria seria um vazio
cujo espaço fosse uma sombra.
Seriam pedras as minhas mãos
se não soubessem tocar com poesia o teu corpo.
Tudo quanto sentisse
seriam imagens sem movimento cuja paisagem
fosse um purgatório de almas esquecidas
no sol do meio-dia.
O meu destino seria uma muralha
de manhãs silvestres cujo espinho
fosse uma sorte por fazer.
O meu toque
seria rude qual violino desafinado
se roçasse ao pensamento.
Tudo quanto em mim acordasse
seria um bosque cujas castidades
fossem emoções tacteadas por dedos
amputados de sensações.
Seriam gelados os meus lábios
se ao te beijar não faiscassem paixão.
A cor dos meus lábios
seria um roxo cortejado por vultos cujas danças
fossem canaviais à beira de um rio de sede.
Seriam chuvas de Inverno as minhas lágrimas
se a saudade nelas não cintilasse.
O meu rosto seria a superfície de um mar
cujas ondas fossem noites sem lua.
Tudo quanto navegasse
seriam marés cuja maresia fosse silêncio.
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