Dialogo de vultos
- Onde estamos?
- Estamos mortos.
E sem prestar a mais leve atenção, entregamo-nos
Como quem surge da bruma, sem alguma inquietude
descarregamos o fardo das intempéries nos tordos recantos.
Foi o amanhecer de Primavera manhã
Alisamos o cansaço da pele
de chuvas e ventos
Sentamo-nos lado a lado,
e foi viver os aromas da estadia.
Dêmo-nos ao coração singelo
Incendiamos regamos melodias
esquecidas na água e no fogo
Encorajamo-nos a preserva-los
A não sofrer amarga morte.
Diante dos nossos olhos, estenderam-se caminhos
que conduziam à vida
Abraçamo-nos.
Um ao outro num abraço demorado
Poderosa luz que infundiu nos nossos lábios.
Com olhos d´ água e fogo d´alma
caminhamos até ao horizonte
Pedimos uma última palavra:
- Com que nome poderemos recordar-nos?
Quase sem voz
acenamos um adeus
E, desde então nossa vida tem sido apenas
esperar por nós
sentados nos umbrais de nós mesmos
sabendo-nos ressuscitados.
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Comentarios
Re: Dialogo de vultos
A sua poesia é lindíssima. É uma das minhas descobertas por aqui já que me identifico imenso com a sua forma de expremir as emoções.
Parabéns!
Vóny Ferreira
Re: Dialogo de vultos
E enquanto caminhas pelo vale da... designada/consignada vida, usufrui dos outros dois elementos: semeia o gosto na terra e pendura os teus sonhos no ar... quem sabe não enxergues de novo os outros dois?
In nomine terrae et vitae fortunissima
Um beijo... dos tais *
"(º0º)"
Re: Dialogo de vultos
Lindo poema...profundo e uma temática que nos toca a todos, em diálogos difusos, neste mundo de "mortos vivos".
Beijos
Re: Dialogo de vultos
Lindo.
Mesmo.
Beijo*
Re: Dialogo de vultos
Sentados nos nossos próprios umbrais!!! Gostei muito de ler, e é uma boa pergunta, onde estamos??? bj