Herança

E eu morro a cada dia
quando cada coisa morre.
Outrora Deus me socorria;
agora já não socorre...

Vai um pássaro, coitadinho,
de hirtas e opacas asas.
Vai com ele um bocadinho
da minha alegria tão rasa.

Vão-se o amigo, o cão, o gato, o boi,
tudo vai nesta infalível jornada.
Só fica a angústia do que foi
na minha memória cansada.

Até um jovem filho se vai
sem mesmo saber pra onde,
na vã liberdade que atrai
e mil armadilhas esconde.

Nenhuma alegria perdura
e todo gozo é passageiro.
Só de tristeza há fartura
todo dia, o ano inteiro...

Quando eu me for
levarei comigo esta carga.
Não quero que alguém herde
tanta lembrança amarga.

A confecção deste poema foi um caso à parte, diferente dos demais poemas meus, que normalmente levam horas, às vezes dias para ser finalizados. Herança veio de uma golfada; nasceu, se muito, em trinta minutos, já pronto pra se mostrar ao mundo.

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Jueves, Agosto 21, 2008 - 18:39

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Remisson

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Comentarios

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Re: Herança

Um poema com arte, razão e sentimento!!!

:-)

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Re: Herança

É esta herança das palavras que por vezes surge de um minuto para o outro que fica e nos recorda que é bom sentir, sejam sensações boas ou más.
Longa vida poeta!:-)
Cumprimentos

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