Raízes (tributo a Natal - RN)


Natal,
do forte dos reis magos
à força das marés
em Ponta Negra

Natal,
capital potiguar
ponto geográfico
que mais nos aproxima
da África

Da grande duna
feito outeiro,
do morro do Careca
diviso o nascer do sol.

Forte, intenso,
sol equatorial
brilha cedo na matina
dorme antes dos passarinhos.

Após uma rodada
da mais pura macaxeira,
acompanhada de camarão e jirimum
ao som das fortes ondas na orla,

Em longa caminhada
fui sentindo nos olhares,
no chão, na palmeira gemendo ao vento,
nas telas de mestre Leão, as raízes

Espalhadas na terra de meus ancestrais
no gosto amargo e corte forte do cajá,
ao sabor agreste do sorvete de cajú,
coisas típicas potiguares.

Apreciando as aquarelas de acrílico
viajei ao tempo de Tarsila do Amaral,
revivida nas obras de mestre Leão,
artista plástico boliviano aqui radicado.

Nos grandes pés e mãos,
na boca honesta e generosa,
da flor de cactus ao menino vaqueiro
eita terra que não nega suas origens.

À noite, ante o agito das marés,
nada como um rodízio de camarão,
e dos mais puros frutos do mar
na barraca Rei do Caranguejo.

Surpresa maior, inusitada
tão deliciosa quanto os pratos típicos,
foi a música regional, alías diversos ritmos
cantados e dançados com arte e alma.

E os dançarinos do carimbó, forró, do coco
nada mais eram que os garçons e garçonetes
aliando ao trabalho de servir, a arte
de cantar, distrair e também se divertirem.

Fiquei deveras encantado
quando sr Manoel do coco, repentista
e cordelista de fama,
se pôs a circular de mesa em mesa,

Cada cidade ou país
de origem do turista
era em versos homenageada
com ironia fina, delicadeza e conhecimento.

Ao final, uma grande embolada
com as pessoas invadindo o salão
ao som da zabumba, do triângulo e da sanfona
na dança que tanto apaixona, o forró.

Vendo, ouvindo e percebendo
os diversos olhares das pessoas,
me senti como árvore fincada,
nos troncos que firmavam a barraca

Encontrando outras raízes,
de lugares tão distantes,
mas, irmanados na doce sensação
de ser um pouco parte desta sinfonia,

Deste jeito de viver
que celebra a vida,
que sorri ao servir,
que se emociona a um agradecimento.

Por isso, digo
se você não foi ao Nordeste,
então vá, Carmen Miranda
já dizia da Bahia, mas vale para Natal,

Para Recife, Fortaleza,
Maceio, Aracajú
São Luiz e Teresina,
João Pessoa e Caruaru...

Ah, que bom curtir
este sol tropical
esta gente bronzeada
que sempre mostra seu valor...


AjAraújo, o poeta humanista, uma noite em Natal, escrito em 16 de julho de 2010.

Submited by

Sábado, Abril 30, 2011 - 21:00

Poesia :

Sin votos aún

AjAraujo

Imagen de AjAraujo
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 6 años 43 semanas
Integró: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of AjAraujo

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Dedicada A charrete-cegonha levava os rebentos para casa 0 2.627 07/08/2012 - 21:46 Portuguese
Poesia/Meditación A dor na cor da vida 0 1.125 07/08/2012 - 21:46 Portuguese
Poesia/Dedicada Os Catadores e o Viajante do Tempo 1 5.989 07/07/2012 - 23:18 Portuguese
Poesia/Alegria A busca da beleza d´alma 2 3.422 07/02/2012 - 00:20 Portuguese
Poesia/Dedicada Amigos verdadeiros 2 4.332 07/02/2012 - 00:14 Portuguese
Poesia/Meditación Por que a guerra, se há tanta terra? 5 2.914 07/01/2012 - 16:35 Portuguese
Poesia/Intervención Verbo Vida 3 5.845 07/01/2012 - 13:07 Portuguese
Poesia/Meditación Que venha a esperança 2 4.681 07/01/2012 - 13:04 Portuguese
Poesia/Intervención Neste Mundo..., de "Poemas Ocultistas" (Fernando Pessoa) 0 3.335 07/01/2012 - 12:34 Portuguese
Poesia/Intervención Do Eterno Erro, de "Poemas Ocultistas" (Fernando Pessoa) 0 7.577 07/01/2012 - 12:34 Portuguese
Poesia/Intervención O Segredo da Busca, de "Poemas Ocultistas" (Fernando Pessoa) 0 2.151 07/01/2012 - 12:34 Portuguese
Poesia/Dedicada Canções sem Palavras - III 0 4.414 06/30/2012 - 21:24 Portuguese
Poesia/Intervención Seja Feliz! 0 3.433 06/30/2012 - 21:14 Portuguese
Poesia/Meditación Tempo sem Tempo (Mario Benedetti) 1 3.689 06/25/2012 - 21:04 Portuguese
Poesia/Dedicada Uma Mulher Nua No Escuro 0 4.776 06/25/2012 - 12:19 Portuguese
Poesia/Amor Todavia (Mario Benedetti) 0 3.330 06/25/2012 - 12:19 Portuguese
Poesia/Intervención E Você? (Charles Bukowski) 0 3.205 06/24/2012 - 12:40 Portuguese
Poesia/Aforismo Se nega a dizer não (Charles Bukowski) 0 2.871 06/24/2012 - 12:37 Portuguese
Poesia/Aforismo Sua Melhor Arte (Charles Bukowski) 0 2.313 06/24/2012 - 12:33 Portuguese
Poesia/Tristeza Não pode ser um sim... 1 3.972 06/22/2012 - 14:16 Portuguese
Poesia/Aforismo Era a Memória Ardente a Inclinar-se (Walter Benjamin) 1 2.254 06/21/2012 - 16:29 Portuguese
Poesia/Amistad A Mão que a Seu Amigo Hesita em Dar-se (Walter Benjamin) 0 3.079 06/20/2012 - 23:45 Portuguese
Poesia/Aforismo Vibra o Passado em Tudo o que Palpita (Walter Benjamin) 0 4.845 06/20/2012 - 23:45 Portuguese
Poesia/Aforismo O Terço 0 2.275 06/19/2012 - 23:26 Portuguese
Poesia/Desilusión De sombras e mentiras 0 0 06/19/2012 - 23:23 Portuguese